sexta-feira, 30 de julho de 2010

Casa do Passal - Cabanas de Viriato / Carregal do Sal

Este post é um dos mais aguardados deste projecto, há muito tempo que pretendia visitar este local e homenagear o que considero ter sido um dos maiores vultos da nossa história. 
A Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches e sua família, dedico inteiramente esta reportagem, tal como todos os direitos sobre estas imagens que serão doadas à  fundação de seu nome.

Não pretendo descrever aqui a sua biografia, pois seria apenas mais uma e teria de plagiar o que outros autores já disseram. Quero-me cingir apenas àquilo que ainda não foi dito ou escrito sobre este GRANDE HOMEM, a ele devem a vida mais de trinta mil refugiados do holocausto nazi.
 
A humanidade ficou mais pobre com o seu desaparecimento, pois homens desse calibre são raros, geralmente incompreendidos e ingratificados.
É precisamente pela a ingratidão e injustiça que gostaria começar esta breve homenagem...
Nunca ninguém na nossa história foi tão esquecido pelos nobres actos que o distinguiram. Por vezes o karma maltrata as boas pessoas sem alguma justificação e lógica terrena, chegando a pôr a divina justiça em causa...
Aristides antes de ser diplomata, pai ou chefe de família, era um homem de Deus. Fiel aos seus princípios religiosos e humanísticos, colocou a sua vida pessoal, profissional e familiar em risco, desobedecendo a ordens superiores quando concedeu vistos portugueses a todos os refugiados de guerra que procuraram ajuda no consulado de Bordéus, permitindo desse  modo a fuga para fora do palco de guerra a milhares pessoas.
 
Estima-se que terão passado por Portugal cerca de quarenta mil refugiados com vistos por ele assinados, o que o torna talvez como o maior salvador de vidas na história da humanidade. 
Chegou a andar na rua a distribuir vistos a quem deles necessitasse, além de ter conduzido pessoalmente a pé e de carro grupos de refugiados pela fronteira dos Pirenéus e recebeu em sua casa de Cabanas de Viritato todos os refugiados que por ali passaram.
A “justiça” não tardou e acabou por ser exonerado do seu cargo, com um pesado prejuízo a si e à sua extensa família. Aristides além de ter sido despedido, foi votado a um ostracismo social e laboral e nunca mais arranjou emprego... o que para um responsável pai de catorze filhos deve ser a maior angústia e partida que a vida pode pregar!!! 
Todos os amigos, familiares e sociedade lhes voltaram as costas, abandonando-o e “fazendo um cerco” a todos os seus filhos.
A Casa do Passal é um testemunho vivo do Holocausto!!! Por Portugal não ter cicatrizes da Segunda Guerra, (embora todos tenhamos lido livros ou visto filmes sobre esse nefasto tema), NUNCA nenhum de nós poderá sentir ou imaginar esse tão tenebroso cenário sem estar num local impregnado de memórias bem vivas... 
A primeira vez na vida que senti na alma esse arrepio, foi quando visitei em Amsterdão a Casa de Anne Frank. Ali estava o terror Nazi entranhado numa modesta casa que foi palco de uma triste história... 
Pois a Casa do Passal tem muito mais memórias... além das pessoas e acontecimentos que ali passaram, o seu estado de conservação lembra constantemente a presença desses tempos. 
Toda a rotina de uma vida familiar com um núcleo de dezasseis elementos deveria ser mais dinâmica que a dos “von Trapp”. Era um devoto casal com catorze filhos nascidos entre 1909 e 1933 e deveria ser a casa mais feliz de toda a região, é fácil de imaginar toda a alegria que ali reinava, pois uma família de tão boas tradições, cultura e costumes, além de próspera, seria essencialmente alegre de tanto amor e fraternidade.

É também fácil de sentir as angústias que naquela casa aconteceram e ainda vivem dentro daquelas degradadas paredes. Ao juntar a sua numerosa família com o convívio de estranhos em desespero de vida e liberdade, Aristides conseguiu atingir o verdadeiro sentido de comunhão, partilhando o seu lar e pondo em risco tudo aquilo que possuía.
 
Tento imaginar a sua atormentada alma, com a grande alegria de ter catorze filhos e com a grande angústia de os sustentar... tento imaginar a sua grande alegria por ter salvo tantas vidas e a sua profunda tristeza pela solidão e ruína a que foi condenado.

Como é paradigmático uma pessoa ser condenada por “excesso de valores” e de nobreza...como é estúpida e vil a ingratidão que a humanidade lhe devotou...
A injustiça é sem dúvida e acima de tudo a mais vil atitude que se pode imaginar...e a injustiça perseguiu-o durante a vida e depois da morte...
Foi injustiçado pelo poder de um estado com mão de ferro, foi injustiçado pela igreja católica que nunca legitimou os seus actos de humanidade, foi injustiçado por todos os que ajudou e o esqueceram ao nunca lhe prestarem auxilio (ainda que lhe devessem a vida) e por toda uma sociedade que fingiu não ver as dificuldades que este homem de Deus passou até seus aos últimos dias...e continua a ser injustiçado pelo abandono da sua casa!!!
Nos dias de hoje e após a estreia da “Lista de Schindler”,  houve quem se tenha lembrado deste herói que tantas vidas salvou...era bem ter um Schindler português, agora já podíamos ter orgulho...tanta hipocrisia...nunca isso se poderá afirmar com justiça!!!Portugal não é digno disso!!! Portugal nada aprendeu com a nobre lição de Aristides de Sousa Mendes!!! Apenas se vangloria com louros alheios ao referir a sua nacionalidade, como que lhe usurpasse toda a nobreza dos seu actos e heróicos feitos!!!
Um homem deste calibre merecia ser recordado como herói nacional, ter praças e avenidas com o seu nome...e nunca a ruína da sua casa!!! Como é isso possível??? Por falta de verbas, dizem alguns...por ignorância, ganância e arrogância, digo eu...
Também a igreja católica lhe dedicou uma grande falta de atenção... como é que um tão devoto crente, que cumpriu uma missão tão divina nunca foi sequer proposto a beato??? Não sei ao certo quantas vidas salvou. Embora fossem a maioria de etnia judaica e talvez por isso não fossem merecedores de “atenção”....mas porra, foram vidas que se salvaram, até poderiam ter sido periquitos que seriam sempre vidas, mas eram seres humanos!!! É uma grande injustiça ficarem à espera que faça um milagre para lhe darem a mais que merecida atenção!!!
Embora o governo de Israel, tal como certas fortunas de muitos judeus que salvou não possam ser administrativamente responsabilizados pela falta de verbas da Fundação Aristides de Sousa Mendes, poderiam mostrar alguma gratidão pelos milhares de vidas que salvou e desbloquear alguns meios que permitissem dar alguma dignidade a este mausoléu de malditas memórias.
Após o seu “ressuscitamento”, foram feitas breves homenagens reabilitando tardiamente a sua honra. Foi reunido o seu espólio e feita uma fundação com o seu nome...que grande momento solene... demagogicamente  aproveitado pelos insignes diplomatas e governantes, como autores de um gesto de boa vontade e justiça para com a sua memória e família. Encheram-se de louros por tão nobre acto aproveitando-se de uma figura como a de Aristides de Sousa Mendes, tornando a abandoná-lo...
 
O ministro dos negócios estrangeiros de então, ilustre Dr. Jaime Gama, fez pagar à família todos os ordenados que Aristides deixou de receber entre 1940-54, além de a ajudar na aquisição da Casa do Passal... foram feitas as devidas homenagens, tiraram-se as fotografias, apareceu na comunicação social, foi lá a televisão e falou-se muito em Aristides de Sousa Mendes... e parafraseando os “Gatos Fedorentos”... “fala-se muito mas não se faz nada”...
Desde então e após muita tinta ter sido gasta em vão, a casa ameaça derrocar a qualquer instante apagando para sempre o que além de ser uma jóia de arquitectura deveria ser também um local de peregrinação...
É a CASA DO PASSAL, onde tudo se passou...onde muita história se escreveu e onde estava prometida a sua reabilitação integral e ampliação para albergar o Museu dos Direitos Humanos. Seria certamente o grande sonho de Aristides, além todo o impacto que teria na sua obra, iria colocar Cabanas de Viriato no mapa do mundo, como exemplo de educação, civismo, gratidão e cultura.
Enquanto este palacete não for recuperado em todo o seu esplendor, haverá uma nódoa  na nossa dignidade como povo civilizado. Não é compreensível que os ministérios da cultura e dos negócios estrangeiros, além de todos os organismos municipais que tutelam o património não mostrem alguma vergonha e ajam de uma vez. 
 
A tutela do património, é uma obrigação delegada por lei ao próprio estado e tem sido descurada ao longo de várias décadas. Neste caso é ainda mais grave por se tratar de um pedaço de história vivo e de constituir simbolicamente os Direitos Humanos.
A metáfora poderia ser colocada neste mesmo instante, ao cruzar o holocausto, os direitos da humanidade e esta nobre casa...e o estado que o estado deixou isto chegar...e não me venham com falta de verbas!!! Porque gastar 30 milhões de euros num novo museu dos coches quando já existia um e era o melhor do mundo... seria uma prioridade para a nação...???

 
É com grande urgência que necessita de uma profunda intervenção de restauro e apelo a todos que possam contribuir para a salvar que o façam por aqui: http://fundacaoasm.planetaclix.pt/ , onde poderão também saber melhor quem foi este grande português...
A Casa do Passal é um palacete romântico construído na segunda metade do Séc. XIX, a sua figura entristecida impõe-se com a nobreza com que foi traçada mas muito longe dos gloriosos tempos.
É hoje mais uma vergonhosa ruína que entristece quem lá passa, o seu vislumbre é tão aterrador como encantador e foi um dos momentos mais altos deste projecto. O seu estilo é romântico com inspiração francesa e ostenta ainda com orgulho a delicada pedra de armas que exibe na fachada.
É ladeada por um generoso terreno nas traseiras onde vive um fato de cabras e tem um pequeno jardim ao longo da fachada, onde a um canto está um crucifixo que ainda torna o local mais triste pela expressão de sofrimento do Cristo, como que acentuando o cenário de dor.
A entrada é feita por baixo de um imponente alpendre suportado por seis colunas e forma uma varanda no primeiro andar. Entrando num grande hall temos acesso à cozinha e a várias salas, onde certamente se passava a maior parte do dia a dia daquela família.
 
Por uma grande escadaria somos conduzidos ao andar superior, onde estão ainda visíveis alguns traços de decoração nas paredes e bandeiras de portas dos amplos e sucessivos cómodos, da mansarda pouco ou nada resta...

E foi culminar de uma aventura à muito esperada, espero em breve voltar a este local e vê-lo de boa saúde, com a nobreza que sempre teve e teima em preservar...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sanatório dos Ferroviários - Covilhã


Após um prolongado interregno que me permitiu reorganizar a minha vida pessoal e recolher muitas pérolas ruinosas, preparei o que será o maior post de sempre neste blogue.
Após um breve périplo por terras nortenhas, com passagem por diversas ruínas à muito desejadas por este projecto, trago “na manga” muita “lenha para me queimar”, e após ter editado mais de quarenta imagens só deste monumento, terei de dissertar cerca de quarenta parágrafos para poder acompanhar esta reportagem.
 
Quando era miúdo costumava ir todos os Invernos à Serra da Estrela passear e ver a neve, e já nos idos anos 70 jazia imponente o Sanatório dos Ferroviários. 
Era um edifício magnífico e afirmava-se pela sua traça e enorme envergadura, lembro-me de nessa altura já se encontrar abandonado e de me interrogar sobre a sua malfadada sorte. 
Mais tarde e ao longo de vários anos em que por lá passei a situação não melhorou e fiquei assim a “dever-lhe” uma visita desde que iniciei este projecto. 
Foi projectado por José Ângelo Cottinelli Telmo e construído pelo engº Virgílio Preto para os funcionários da CP, a sua traça é composta por uma miscelânea de estilos que lhe dão um acrescido valor arquitectónico.
Por me lembrar dele com alguma saudade e pela oportunidade gráfica que representa, à muito que desejava lá ir.
 
Aproveitei um itinerário alargado de uma viagem de trabalho para o visitar, tal como outras ruínas com bastante interesse que atempadamente aqui colocarei.
Sendo esta região em termos turísticos um dos pólos mais importantes do País, era injustificável a quase inexistência de uma estrutura hoteleira que desse conta dos inúmeros turistas que a frequentavam. 
Durante várias décadas foi uma das maiores lacunas da região que foi sendo suprida pelo florescimento de vários hotéis que oportunamente foram construídos colmatando assim essa necessidade.
Tendo em conta a sua envergadura e volumetria, em determinada época poderia ter sido reabilitado e convertido em grande hotel, essa mesma envergadura acabou por o condenar a uma morte lenta pela difícil rentabilização de tão grande estrutura.
Acabou por ser vitima de si próprio por representar um autentico “elefante branco”.
O colossal investimento que é exigido nesta empreitada, além de toda a logística necessária para o manter deitou a perder mais uma pérola de história e património, até que algum investidor estrangeiro o venha salvar e converter em condomínio de luxo... já estou a imaginar: ”Condomínios dos Montes Hermínieos” ....”Venha, venha viver para a montanha, viva com tranquilidade, respire ar puro, beba água cristalina e viva mais perto do céu...”  
Ena pá, até soa bem...e a vista que daqui se avista é simplesmente divina.
Comecei bem cedo para aproveitar os primeiros raios de Sol, e após uma breve viagem desde Penhas da Saúde começa-se a vislumbrar o edifício na sua totalidade, sendo aí a única oportunidade de o visualizar no seu completo, além do seu contexto paisagístico.
Uma vez mais a boa cãopanhia do Edgar ajudou não só gráficamente como também se fez sentir no espírito que este trabalho exige... é que antes bem acãopanhado do que só e estes sítios são demasiado solitários... 
Ter um cãopadre para cãofraternizar torna o trabalho mais fácil, é um cãopincha e um cãomarada que ainda por cima enriquece o meu trabalho, pago-lhe com ração e atiro-lhe paus para ir buscar...fica feliz e nunca reclamou.
Mas voltando ao sanatório...assim que me inseri na propriedade dirigi-me para a fachada principal para assim iniciar esta aventura. As sombras das árvores projectadas criavam um contraste interessante no ponto de vista gráfico.
O cenário era entre o fantasmagórico e o colossal, um misto de gótico, renascença, barroco, neoclássico e pós moderno em plena harmonia, perfeitamente inseridos numa paisagem digna do melhor postal ilustrado.
É uma espécie de apocalipse a que este edifício tem resistido ao longo das últimas quatro décadas e que a qualidade da sua construção o tem mantido herculeamente de pé. A sua estrutura, embora sem telhado não aparenta derrocar, a solidez com que foi edificado é prova de esmero e competência, de valor patrimonial e imobiliário.

A  enorme  fachada é completamente ocupada por inúmeras janelas e arcadas que tiram partido da orientação solar, dando ao seu interior um magnífico ambiente cheio de luz e contrastes.

Cada um dos cinco pisos tem um generoso pé direito, atribuindo uma impressionante altura ao edifício e reafirmando a sua imponência, quer pelas suas exorbitantes dimensões, quer pela sua delicada traça enriquecida por elementos revivalistas.
Para melhor se adaptar às características do terreno a planta deste edifício foi traçada em V. Foi adossado um corpo ao edifício principal que o prolonga em todo o comprimento.
A fachada assume-se  com traços de vários estilos revivalistas. A cantaria da porta principal e da enorme escadaria é claramente inspirada no período barroco, lembrando um palácio real ou um convento. 
 
A altura da fachada e os cinco pináculos que rematam o frontão têm alguns laivos de gótico. O frontão triangular e a clarabóia são um tanto neoclássicos. 
As cornijas e pilastras fazem lembrar a renascença. O torreões que adossados ao longo da fachada têm um toque de pós modernismo. As enormes janelas de sacada generosamente distribuídas espelham a funcionalidade e o bom ambiente que era exigido a um sanatório.


Tal esmero arquitectónico e envergadura, representam um enorme investimento financeiro num projecto social que a companhia dos caminhos de ferro empreendeu a favor dos seus funcionários. 
Velhos tempos em que o erário das grandes empresas era gasto em prol dos seus pares, malditos tempos em que havia tanta tuberculose...
Já no interior em que apenas tive acesso aos dois primeiros pisos. Seriam os “andares nobres”, pois eram os mais amplos e elaborados em termos de decoração.
Toda a actividade social de um sanatório daquele calibre se desenrolava naqueles salões ricamente decorados e certamente bem frequentados.
Uma vez que a planta do edifício é simétrica, podemos contar com espaços de idênticas dimensões em ambas as direcções embora as instalações do prolongamento direito sejam maiores e mais requintadas.
Em ambos os lados, havia um enorme salão com janelas de arco, paredes revestidas de azulejos da autoria do próprio Cottinelli Telmo, com motivos lusitanos e séries de colunas que lhe emprestam um ambiente quase eclesiástico.
Sucedem-se uma série de alas contíguas ao longo de um enorme corredor, que se adivinham ter sido quartos e salas de tratamento.
Todo o ambiente nostálgico nos transporta aos tempos em que estes espaços estavam ocupados por pacientes que padeciam de tuberculose e buscavam aqui a cura para tão nefasta doença. 

Não é difícil imaginar a rotina diária dos tratamentos, os equipamentos hospitalares, os doentes que melhoraram, os que aqui morreram, enfermeiras, médicos, ...
O acesso aos pisos superiores era feito por escadas de madeira e elevadores, que como era de esperar não estavam operacionais. 
 
Ainda pensei em arriscar e fazer alpinismo uma vez que estava na Serra da Estrela, mas era demasiado perigoso tentar subir e depois descer aos andares de cima, o que acabou por cingir esta ruinosa aventura a dois pisos e fachadas.
Nas divisões mais escuras deste espaço, tal como outros congéneres que tive oportunidade anteriormente de fotografar no Caramulo, havia autênticas nuvens de enxames de moscas varejeiras, que além de tornarem deveras incómodo este trabalho, são neste momento os verdadeiros donos destes sanatórios...justificando assim a expressão que ficaram  “às moscas”...
Despedi-me deste edifício com uma última tomada pelas traseiras, como uma abordagem que tenta captar a sua grandiosidade exagerando-a pela perspectiva, mas não lhe consegui fazer justiça...


Fazendo ainda parte do mesmo núcleo, havia outras estruturas que suportavam este grande sanatório.

 Poucos metros abaixo deste edifício, encontramos também em estado de ruína o que terá sido a casa do gerente e ainda algum outro casario que certamente tinha um cariz logístico.

Para saber mais:
http://www.lugaresesquecidos.co.cc/forum/viewtopic.php?f=13&t=132&sid=badfb3b5c68f0cc6b543c73d4a5056ad
http://www.monumentos.pt/Monumentos/forms/002_B2.aspx?CoHa=2_B1
http://www.saudepublica.web.pt/TrabFrada/TBsecXX_JFrada.htm

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