O património edificado português, está pejado de singulares casos de arquitectura que desde sempre deveriam ter sido mantidos, e está também minado por uma "burrocracia" que nos atrasa ainda mais como País.
O Castelo de Barbacena, é mais uma triste ruína do nosso património arquitectónico. Foi elevado a Imóvel de Interesse Público por decreto em 1967, e desde então aguarda melhores dias.
A sua longínqua história sob o jugo da nossa bandeira, remonta ao reinado de D. Sancho II, após este ter reconquistado definitivamente este povoado.
Em 1273 é outorgado o primeiro foral de Barbacena por D. Estêvão Anes, Senhor do Alvito e Chanceler-Mor de D. Afonso III, tornando-se a defesa desta localidade a sua prioridade.
O castelo terá sido edificado, segundo se crê, por cima de um castro pré romano. A sua traça foi ao longo da vida diversas vezes alterada, conforme evoluía a arquitectura militar, tornando-o numa autêntica barra cronológica de engenharia bélica.
A sua gloriosa cronologia testemunha a enorme importância estratégica deste baluarte, que foi inúmeras vezes assediado e muitas vezes palco de sangrentas batalhas.
O seu contributo como bastião foi fulcral para esta população, assegurando a sua protecção, e ainda, a independência da nação.
Mas é o seu deplorável e lamentável estado, enquanto símbolo daquela região, que me leva a inúmeras questões que gostaria de ver respondidas...
O seu actual proprietário, Mico da Câmara Pereira, uma conhecida e simpática figura da nossa sociedade, após o ter adquirido em 2005, propôs-se a reconstruir o castelo, dinamizando-o com espectáculos e actividades culturais...
Teria sido uma bênção para aquela esquecida terra, em que nada de importante acontece além das festas e romarias. Começaria a aparecer no mapa, o que não acontece desde as invasões francesas...
A falta de apoios da CM de Elvas e o chumbo do IGESPAR, ditaram o fado deste nobre projecto, que iria salvar o castelo e aquela povoação do marasmo a que foi votada.
A falta de visão de certas instituições é deveras preocupante, pois para o IGESPAR, que nunca deveria ter permitido que este castelo chegasse ao estado a que chegou, não permite agora a sua recuperação, preferindo uma continuada ruína à sua conversão em espaço de lazer e de utilidade pública...
A CM de Elvas recusou-se a apoiar o projecto, porque Barbacena é pouco frequentada por turistas, tornando-o assim o inviável... mas não se lembraram que o Castelo de Barbacena faria essa mesma diferença...
...com a fronteira a 26 Kms, não faltariam turistas atraídos pelas várias actividades que este projecto prometia, além dos postos de trabalho e todas as mais valias que iria gerar...
Foi mais um sonho que se desvaneceu, mais um projecto que morreu antes de mesmo nascer... o castelo encontra-se à venda por uns módicos 400.000€, que se comparam ao valor de um andar ou moradia em zonas menos nobres de qualquer cidade...Com um passado tão glorioso e um futuro tenebroso... haja uma LUZ ao fundo do túnel para este monumento.
http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/73452/