As ruínas são o nosso Fado...
Se há uma característica marcadamente lusitana (além das ruínas), que
nos marca e nos demarca , que nos rege e nos gere na vida, sendo transversal a todas as realidades
sociais... é o Fado. A capacidade de tirar um enorme prazer do ciúme e da saudade, da bucólica e melancólica tristeza, da pobreza e da nobreza, ao som de melodiosos e sofridos acordes, chorando, gritando, cantando e encantando, em ambiente de ténue iluminação, com um "bouquet" de aromas de suor e fumo, regado com vinho tinto e temperado com caldo verde, com amigos e desconhecidos em profunda comunhão... até madrugada.
As referências lendárias de grandes intérpretes perdem-se na memórias da últimas gerações, marcando-as com as melhores recordações, e, lembrando-nos para sempre a sociedade, a portugalidade e a eterna saudade.
Se nós resultamos da miscigenação de inúmeros povos de quem orgulhosamente descendemos, enriquecendo-nos e fortalecendo-nos como nação cultural, podemos admitir que o fado é o seu resultado musical...o Fado é Portugal, o Fado é Património Mundial!
O Fado, é simples como canção, embora profundo e rebuscado no seu sentido sentido. O Fado é o nosso género, é a génese e a genética, é a rima e a prosa poética.
O que facilita aos autores menos prendados como eu a arriscar uma letrita, que ao som do "Fado Mouraria", "Menor" ou "Corrido", poderia até um dia animar uma rasca e tosca tasca num ruinoso serão de fadistagem.
Fado do Património
Ó património malfadado
Herança dos egrégios avós
Que apodrece abandonado
Aos olhos de todos nós
Herança dos egrégios avós
Que apodrece abandonado
Aos olhos de todos nós
Num País à beira mar
Com nove séculos de história
De um povo peculiar
Que perdeu a sua memória
Com nove séculos de história
De um povo peculiar
Que perdeu a sua memória
O "Inconseguimento frustracional
do softpower sagrado"
Transformou Portugal
Num País arruinado
do softpower sagrado"
Transformou Portugal
Num País arruinado
Orgulhosos de um passado
Inconscientes no presente
Com um futuro desgovernado
De um poder inconsistente
Inconscientes no presente
Com um futuro desgovernado
De um poder inconsistente
A perder-se a cada instante
Um tesouro edificado
É para todos humilhante
É preciso ter cuidado
Um tesouro edificado
É para todos humilhante
É preciso ter cuidado
É preciso que ajam
É urgente reagir
Antes que o património
Acabe por ruir
É urgente reagir
Antes que o património
Acabe por ruir
Quem assim trata o património
Devia ir para o manicómio (bis)
Devia ir para o manicómio (bis)