terça-feira, 4 de novembro de 2014

Fado do Património

 As ruínas são o nosso Fado...
Se há uma característica marcadamente lusitana (além das ruínas), que nos marca e nos demarca , que nos rege e nos gere na vida,  sendo transversal a todas as realidades sociais... é o Fado.
A capacidade de tirar um enorme prazer do ciúme e da saudade, da bucólica e melancólica tristeza, da pobreza e da nobreza, ao som de melodiosos e sofridos acordes, chorando, gritando, cantando e encantando, em ambiente de ténue iluminação, com um "bouquet" de aromas de suor e fumo, regado com vinho tinto e temperado com caldo verde, com amigos e desconhecidos em profunda comunhão... até madrugada.
As referências lendárias de grandes intérpretes perdem-se na memórias da últimas gerações, marcando-as com as melhores recordações, e, lembrando-nos para sempre a sociedade, a portugalidade e a eterna saudade.
Se nós resultamos da miscigenação de inúmeros povos de quem orgulhosamente descendemos, enriquecendo-nos e fortalecendo-nos como nação cultural, podemos admitir que o fado é o seu resultado musical...o Fado é Portugal, o Fado é Património Mundial!
O Fado, é simples como canção, embora profundo e rebuscado no seu sentido sentido. O Fado é o nosso género, é a génese e a genética, é a rima e a prosa poética.
O que facilita aos autores menos prendados como eu a arriscar uma letrita, que ao som do "Fado Mouraria", "Menor" ou "Corrido", poderia até um dia animar uma rasca e tosca tasca num ruinoso serão de fadistagem.


Fado do Património

Ó património malfadado
Herança dos egrégios avós
Que apodrece abandonado
Aos olhos de todos nós
 Num País à beira mar
Com nove séculos de história
De um povo peculiar
Que perdeu a sua memória
 O "Inconseguimento frustracional
do softpower sagrado"
Transformou Portugal
Num País arruinado
 Orgulhosos de um passado
Inconscientes no presente
Com um futuro desgovernado
De um poder inconsistente
 A perder-se a cada instante
Um tesouro edificado
É para todos humilhante
É preciso ter cuidado
É preciso que ajam
É urgente  reagir
Antes que o património
Acabe por ruir
Quem assim trata o património
Devia ir para o manicómio (bis)

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...