quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Os “Pavilhões do Parque” - Caldas da Rainha


Desde sempre que conheço estes monumentais edifícios. Quando era miúdo e passeava neste parque que é considerado por muitos como o mais belo do País e tem por nome “Parque D. Carlos I”, admirava-os pela imponência da sua austera traça que me lembrava um colégio victoriano.
Mais tarde o meu irmão mais velho frequentou aqui o liceu e eu tive ali aulas de karaté, havia também uma biblioteca da Gulbenkian que ficava numa das alas virada para o parque...foi à cerca de trinta anos...bons e velhos tempos que guardo como saudade...é verdade, fui “caldense” por mais de um ano e por tal tenho um especial carinho por esta terra. 
Estes pavilhões foram erigidos por Rodrigo Berquó, mais uma figura esquecida da nossa história que deixou uma marca indelével pela sua passagem nesta vida terrena.
D. Rodrigo Maria da Gama Berquó foi arquitecto, director do Hospital das Caldas da Rainha e presidente da câmara desta cidade, tendo sido da sua autoria e iniciativa todos os maiores projectos e traços que a caracterizaram.
Além de visionário e filantropo, a sua generosidade e altruísmo espelhou-se no monumental “parque de obras”  em que esta terra se tornou no seu mandato municipal. Desde a saúde pública, abastecimento de águas, cultura, espaços de lazer, habitação, planeamento urbano...tudo mudou à sua passagem, as Caldas da Rainha tem para com este homem uma dívida eterna!!!
Mas voltando aos pavilhões que nunca chegaram a ser acabados e desde sempre foram utilizados de uma forma diferente para que foram idealizados. Foram projectados em 1890 para serem um hospital termal, separando dessa forma o balneário e o hospital ampliando toda a estrutura desta instituição. Equipando-a com os mais modernos meios, permitiria uma qualidade de serviços que rivalizaria com os seu congéneres europeus.
A sua construção teve início em 1894 sendo previsto estarem concluídos dez anos depois, mas com a morte de Berquó em 1896 as obras foram paradas e o projecto abandonado.
Desde então foi utilizado para diversos fins, foi arrendado ao exército, onde se instalou em 1918 o Regimento nº5, mais tarde chegou a ser sala de cinema, sede de várias instituições culturais e empresariais, local de exposições, liceu e biblioteca... encontra-se hoje em “stand by” à espera da aprovação de projectos que o possam dinamizar, prevendo-se que nele seja instalado o Museu da Cerâmica.

Para saber mais :  http://www.jornaldascaldas.com/index.php/2008/10/08/a-obra-de-berquo/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rodrigo_Maria_Berqu%C3%B3

5 comentários:

  1. Interessante, um presidente de camara arquitecto... Não conhecia a história destes pavilhões espectaculares de que também tenho dezenas de fotografias, sendo também um ex-caldense.

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  2. Venho deixar uma mensagem:

    O Atelier de Artes da SIMECQ tem um convite para os amigos

    http://simecqcultura.blogspot.com/2010/09/exposicao-de-pintura-130-anos-simecq.html

    Contamos com a presença de todos

    Abraço

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  3. Honestamente mudarem para ali o museu da ceramica não me faz muito sentido, pelo simples facto de que as instalações actuais do mesmo continuam em bom estado tanto quanto me recordo, para além de que em edificios lindissimos como estes, sinceramente não estou a ver exposições de arte moderna... não encaixa naquela aura de edificio cuja historia já se começa a perder no tempo. E também primáriamente estes edificios tem de ser sujeitos a obras de restauro, mas não há verbas para isso, o que é uma pena. Olhar para estas imagens dá-me uma saudade imensa da velha biblioteca que cheirava a conhecimento, livros velhos e amarelecidos pelo tempo que eu ainda pude manusear durante alguns anos e esta é uma memória que me deixa feliz e saudosa de um tempo em que a trespassar a entrada de uma biblioteca nos levava para um mundo totalmente á parte e em que a unica regra que havia era o manuseio extremamente cuidadoso dos livros, senão a bibliotecária arrancava-nos a cabeça a gritos...

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  4. Nostalgia... Dói-me saber que há tanto dinheiro a ser gasto por aí, mas nunca há para o nisso património, para defender a nossa herança histórica. Obrigada pela informaçao ��

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