domingo, 28 de abril de 2013

Forte de S. Luís Gonzaga - Setúbal

Descobri este forte por acaso, nunca tinha ouvido sequer falar deste esquecido monumento que faz parte do património militar de Setúbal, constituindo um valioso edifício.
Navegava no Google Earth à procura de uma outra ruína, quando percebi os contornos de uma fortaleza em estilo Vauban, os revelins e panos bem definidos denunciavam a sua existência, como naufrago que acena numa ilha deserta a um salvador vindo do céu...
Após uma rápida pesquisa neste cibernético espaço, e com ajuda do meu ruinoso amigo Jorge Gil de Almeida, facilmente concluímos tratar-se do Forte de S. Luís Gonzaga... impunha-se uma incursão...
Desta vez fomos acompanhados por uma jovem jornalista que está a desenvolver um trabalho sobre este nosso projecto, tendo para isso feito um levantamento de uma série de ruínas que pretendíamos explorar... foi um dia em cheio...
O Forte de S. Luís Gonzaga encontra-se soterrado por um autêntico matagal que livremente cresceu e ocupou toda a sua estrutura, à sua volta floresceu um bairro social que em nada tira partido da sua existência... atrevo-me a sugerir à autarquia, não só a sua requalificação, como o seu aproveitamento para um espaço verde que tanta falta faz naquela localidade.
Os custos inerentes a essa obra, facilmente seriam diluídos no orçamento municipal e certamente que esta população, tal como todos nós, ficaríamos agradecidos... o desperdício de tal monumento e de tal espaço, é um crime de lesa sociedade e de lesa cultura...
A história deste forte remonta ao século XVII, e foi traçado por Luís Serrão Pimentel. Por força da guerra da restauração foi necessário reforçar a muralha de Setúbal, para cumprir essa tarefa e evitar uma invasão por terra, foi edificado no cimo de uma colina entre o Viso e a Rerboreda, onde ainda hoje vive em agonia... vale a pena visitá-lo, mais que não seja para admirar a vista e o que ainda resta desta pobre fortaleza.  

Coordenadas :38°31'42.56"N 8°54'22.08"W

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Fábrica da Chemina - Alenquer

A Fábrica da Chemina, tal como é commumente conhecida é mais uma agonizante ruína industrial que fere o coração a quem passa por Alenquer.
Além da sua magnífica estrutura ser um autêntico monumento é também um símbolo do estado da indústria portuguesa. Todos os dias se encerram unidades fabris que apenas contribuem para o desemprego e para alargamento deste projecto, e que em nada  dignificam Portugal como nação.
Todas as fábricas foram pólos de desenvolvimento social, local e nacional, representaram muitas vezes o melhor, levando o nome de um produto e elevando o nome de um país além fronteiras.
É difícil de explicar e conceber que locais que foram outrora prósperos, não passam hoje de uma recordação que constantemente nos lembram das grandezas de outros dias
Mas a dissertação já vai longa e vou-me cingir a esta defunta fábrica que fez parte da alegre história de Alenquer e que esperamos que volte em breve a fazer, pois o seu aproveitamento não só é possível, como é o desejo de toda esta povoação.
A Companhia de Lanifícios da Chemina, foi assim chamada por ter sido erigida no local onde havia uma quinta com o mesmo nome, e a sua construção deve-se aos esforços de dois irmãos que a idealizaram e realizaram o sonho industrial de ali criarem uma fábrica de fiação.
Foram José Joaquim e Salomão dos Santos Guerra os seus mentores, ambos com experiência profissional no ramo, adquirida nas fábricas da Romeira e na do Meio, na Arrentela, conselho do Seixal.
Em Abril de 1889 lançaram a primeira pedra desta monumental empreitada que ficou concluída em Junho do ano seguinte, um hercúleo feito que só foi possível tendo recorrido às novas técnicas de construção da era da arquitectura do ferro.
A sua traça é da autoria de José Juvêncio da Silva, um insigne arquitecto que é também o responsável pelo edifício dos Paços do Conselho de Alenquer. Pela sua fenestração e aproveitamento dos recursos naturais este imóvel terá sido concebido com o conceito de arquitectura sustentável, muito antes deste ter a conotação actual, era um edifício inteligente de então.
A  força motriz  era gerada por uma máquina a vapor, uma opção que sempre mantiveram pela sua proximidade do rio e lhes garantia uma energia constante, fácil, ecológica e económica.
No início da sua laboração, imediatamente se constituíram cerca de 200 postos de trabalho empregando operários de ambos os sexos, que davam vida aos diversos produtos ali elaborados. Estes eram essencialmente produtos derivados de finas lãs que rivalizavam em qualidade com os seus concorrentes estrangeiros.
Pelo sucesso conquistado no mercado, atraíram investidores e rapidamente a empresa se tornou numa sociedade anónima, passando uma boa fatia do capital para as mãos de banqueiros e industriais do Norte.
Eram agora os novos donos Cândido Ribeiro da Silva e Carlos José Alves, embora os irmãos Santos Guerra se tenham mantido ao leme da companhia, chefiando os departamentos de acabamento e tecelagem, tal como a gerência da própria fábrica.
Em 1940 passa a ser gerida por um sobrinho, Isidro Castro Guerra que mantém a produção até 1948, altura em que é vendida e passa então a ser conhecida por Fábrica Barros, Lda.
Tendo sido interrompida a produção entre 1949 e 1952, até ser novamente vendida, reequipada e renomeada, passando então a chamar-se Empresa Lanifícios Tejo, como ainda consta na sua fachada.
Trabalhou em pleno até 1977, empregando 160 funcionários e entrou em declínio fechando definitivamente em 1994, tinha apenas nessa altura, 15 a 20  postos de trabalho activos.
Como um mal nunca vem só, em 2000 deflagrou um grande incêndio que consumiu além dos interiores, todo o seu espólio e memórias, transformando este edifício numa ruína gigantesca cujas paredes teimam em manter viva uma glória de Alenquer.
É hoje propriedade municipal e os vários projectos para a ressuscitar não foram levados a cabo por falta de verbas, embora hajam empresas interessadas neste imóvel o risco da sua alienação poderá ser prejudicial para toda a vila de Alenquer.

Fonte : http://alenquer-tradepatri.blogspot.pt/2008/02/fbrica-de-lanificios-chemina.html

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