segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Solar da Quinta de São Gabriel - Caparica




Noutra incursão pela margem Sul, um dia avistei um solar em ruínas, depois de uma  série de voltas consegui encontrar a rua que o servia. Entrei na propriedade onde encontrei numa das alas do palácio, um cabo verdiano com pinta de alienado que dizia ser o proprietário. Fiz-lhe uma série de perguntas relativas à casa às quais respondeu com pouca vontade e alguns grunhidos, além de pouco sociável era também um grande malcriado...depois de ter fotografado a propriedade chegou uma outra locatária desta ruína a quem tentei extrair algumas informações...esta revelou-se uma senhora em todos os sentidos, embora fosse uma indigente a viver na pior das condições de higiene e segurança. Apresentou-se com um nome de grande peso social, contou-me o seu passado e as suas desgraças que a levaram aquele estado de degradação... foi roubada, espoliada e enganada diversas vezes, o que a levou a uma ruína ainda mais grave que aquela em que habitava...tratava-se de uma senhora de "sangue real" que a fortuna abandonou, ou o karma a empurrou para a desgraça. A sua guerra com o vizinho era diária e perigosa, acusou-o de ter roubado todo o espólio da quinta, os azulejos, o gradeamento, as telhas e tudo o mais que conseguiu converter em moeda, além de a ter incendiado. Era ameaçada fisicamente e ofendida diariamente por aquele energumeno,  cheguei a ter de me interpor entre as ameaças que lhe fazia, ameaçando-o eu próprio. Convidei-a para almoçar e contar melhor a sua intrigante história...fiquei pasmado com o seu testemunho... embora não tivesse visto o seu BI, sem por isso poder corroborar a sua identidade, a  distinção, cultura, educação e experiências relatadas confirmavam a sua veracidade. A ela dedico este post, à  Sra. D. Maria de Bragança e sua malfadada sorte...
 





Arquitectura civil residencial, romântica e revivalista.
Solar de planta longitudinal, com 2 corpos adossados lateralmente, com 2 alpendres com colunatas, conferindo-lhe uma aparência apalaçada.

As fachadas desenvolvem-se no sentido do comprimento, são ritmadas e têm um grande sentido de harmonia pelas horizontais da cornija e pelas pilastras pintadas que dividem o espaço em diversas secções. O telhado do edifício adossado ao torreão direito é de influência oriental. É de notar a utilização de sancas de madeira a rematar todos os telhados, bem como as janelas de ângulo, nos corpos laterais.

domingo, 29 de novembro de 2009

Arqueologia Industrial

A arqueologia industrial é o parente mais mal amado e incompreendido do património arquitectónico.
Todas as fábricas em geral não despertam os mesmos sentimentos românticos que um palácio, castelo, mosteiro ou chalet.

Moinho da seca do bacalhau - Seixal

São estruturas por vezes rudes ou desprovidas de elementos decorativos que as tornam de certo modo um "parente pobre" da arquitectura. São geralmente notadas pela sua envergadura por vezes gigantesca, que deixa adivinhar a dimensão da sua importância quer no plano social, quer no plano financeiro de determinada localidade.

Fábrica dos Cabos de Ávila

Devemos às fábricas o sucesso financeiro de uma família ou grupo investidor e milhares de postos de trabalho que sustentaram famílias inteiras ao longo de gerações, além de terem projectado o País no plano internacional, fazendo concorrência a outras empresas do sector para além fronteiras.


Fábrica de Cervejas de Coimbra
 
A indústria portuguesa através dos tempos raramente se afirmou como uma indústria de qualidade,  tendo por vezes concorrentes de peso com os quais dificilmente podíamos competir.

Companhia do Cabo Submarino - Carcavelos

Tivemos Reis e governantes cujas responsabilidades foram preponderantes no  sucesso ou insucesso industrial. Como o nosso País teve períodos economicamente dourados, nem sempre tivemos a necessidade de produzir preferindo recorrer à importação, o que inevitavelmente contribuiu para uma grande quebra na balança comercial, além de que era muita mais "fino" comprar rendas francesas do que as fabricar.Enfim...éramos os novos ricos da Europa e hoje somos os velhos pobres, talvez graças a essa lacuna.




Moinho de maré - Seixal

Foram governantes como o Marquês de Pombal, que importaram não só as tecnologias, mas também os técnicos e industriais que dinamizavam este sector, que impulsionaram a indústria portuguesa. Estes industriais estrangeiros foram responsáveis por um sucesso temporário da nossa economia através dos bens produzidos e pelos postos de trabalho que estas empreitadas proporcionaram e em alguns casos ainda proporcionam. Só a partir do Séc. XVIII a nossa indústria conseguiu atingir padrões de qualidade que rivalizassem com as suas congéneres europeias, o que nos permitiu assumir algum protagonismo nos mercados exteriores.


Fábrica de Lanifícios da Arrentela

Chegámos a ser "campeões" em lanifícios e téxteis, calçado, cortiça, vinhos, conservas de pesca, material de guerra, construção naval, vidros e cristais, porcelanas e cerâmica e muitas outras actividades em que tivemos o orgulho em "dar cartas"...


Fábrica Mundet - Seixal

Hoje muitas dessas fábricas enfrentam problemas de tesouraria ou simplesmente faliram, deixando milhares de operários sem emprego e conduziram Portugal a um desequilíbrio político e financeiro.

Fábrica de tintas para imprensa - Alcântara

As causas foram inúmeras, desde falências fraudulentas, falta de investimento em pessoal e equipamentos, ganância e especulação, falta de visão industrial e obsoletismo de vários sectores...


Cerâmica de N. Sra. da Guia - Santarém


Pergunto-me a mim mesmo...porque é que não se ocupam as fábricas devolutas com novos projectos??
As estruturas estão montadas, só falta o equipamento e a avaliar pela taxa de desemprego, mão de obra não irá faltar...

Armazém Industrial no Boqueirão Duro - Lisboa

Falta talvez a coragem financeira e a iniciativa, quer da parte dos investidores, quer da parte do estado. A revitalização financeira deste País à beira mar plantado, passa certamente por esse gigantesco passo.
É necessário intervir com dinamismo e criatividade, se os nossos avós o conseguiram, porque não conseguiremos nós???

Fábrica de conservas de peixe - Olhão


Quem melhor tem aproveitado estes edifícios, são os "mestres grafiteiros livres" que costumam decorar as paredes por vezes com autenticas obras de arte, evitando deste modo a utilização de outros edifícios o  que poderia poluir ou vandalizar qualquer outro espaço público...


Fábrica  de Cerâmica de Arganil

É a um destes mestres que dedico este post, pelo seu criativo trabalho e pelo seu empenho em embelezar através da sua arte algumas destas magníficas ruínas...infelizmente este nosso leitor, prefere manter o anonimato impedindo-me de devidamente o honrar. A ele devemos também o nosso logotipo... poderão aqui ver algum do seu trabalho : http://www.flickr.com/photos/adres81/



Fábrica de sabão de Mendes Godinho - Almada    

sábado, 28 de novembro de 2009

As cavalariças de Norte Júnior - Estoril




É um edifício enigmático, não só pela sua arquitectura, como também pelo seu enquadramento urbano e pelo estado de conservação. Muitas vezes me interroguei qual seria a sua utilidade, a quem pertence, porque é que não o recuperam e aproveitam?? Que desperdício...que tristeza...são os enigmas que se encerram neste monumento.




Conheço-o desde sempre e desde sempre que o conheci abandonado...sabia que tinha sido em tempos uma garagem, dentro do imaginário de um miúdo idealizava-o com uma quantidade de calhambeques a entrar e sair, os Isotta, Bugatti, Rolls, Hispano-Suiza... a azáfama diária dos motoristas da alta burguesia que frequentava aquela zona balnear e o casino do Estoril.




Hoje fotografei-o pela segunda vez, melhorei a luz e a abordagem, além que não tinha de volta os inúmeros carros estacionados que costumam parar mesmo em cima do passeio. Notei também a riquíssima estatuária que o ornamenta, uma pintura em trompe l'oeil por baixo da degradada e majestosa varanda, nos dragões e águias que guardam este monumental edifício e aguardam melhores dias.




O edifício encontra-se entaipado, porém consegui espreitar para o interior através de uma fresta, e fiquei perplexo com o que vi... houve recentemente uma intervenção de "restauro" com betão armado, o que inevitavelmente ainda degradou mais esta obra prima de arquitectura...





O desenvolvimento de Cascais, iniciado nas últimas três décadas do século XIX com a presença da corte e com o hábito de "ir a banhos", repercutiu-se nas áreas envolventes que beneficiaram, já no reinado de D. Carlos, de novas vias de comunicação, entre as quais se destaca a linha de caminho de ferro, a funcionar desde 1889 (SILVA, 1988, p. 93). O Estoril, e o seu casino, foram um pólo fundamental, em torno do qual gravitou uma nova sociedade burguesa, com hábitos de veraneio que se reflectiram no urbanismo e na arquitectura do concelho.
A casa de António Santos Jorge, implantada junto à linha férrea desde 1896, destaca-se pelo imponente edifício das cavalariças e cocheiras, cujo projecto, da autoria de Norte Júnior, data de 1914. Já a habitação, de volumetria tradicional e fachada lateral aberta ao mar, apresenta decoração muito sóbria. Crê-se que o plano de Santos Jorge era bastante mais ambicioso, e incluía a reedificação da casa, segundo o modelo das cavalariças, mas o projecto nunca chegou a ser concretizado.
Assim, é o edifício das cocheiras que ainda hoje se impõe na leitura desta faixa urbana, destacando-se a fachada de gaveto, aberta por uma porta em arco de volta perfeita, e com uma varanda apoiada em carrancas, a que se sobrepõe um arco flanqueado por duas colunas. É o alçado de maior riqueza decorativa, revelando bem o estilo ecléctico de Norte Júnior, e a sua aprendizagem parisiense na Escola de Belas Artes (IDEM, p. 124; BRIZ, 1989, p. 96). Este gosto de influência francesa é visível noutras habitações da linha do Estoril, mas o edifício das cocheiras Santos Jorge é o seu expoente máximo, filiando-se nos modelos traçados por Charles Garnier para a ópera de Paris, mas principalmente, para o Casino de Monte Carlo. (RIO-CARVALHO, p. 22).
Por outro lado, o início das obras de remodelação da sua casa de verão pela área das cavalariças, denota o sentido de veraneio da época "como se o conforto burguês devesse ceder aos encantos inesperados de um provisório abrigo. E um gosto exótico, pessoal e indisciplinado livremente decidisse vestir as cocheiras com os ornatos habituais de um palácio" (SILVA, 1988, p. 125).
(Rosário Carvalho)

fonte : IPPAR

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Palácio Restani ou Quinta do Raio - Queluz de Baixo

Foi um "remake", já cá tinha passado duas vezes, mas apanhei umas condições de LUZ menos favoráveis e hoje aproveitei ter passado perto e diverti-me de novo a brincar aos fotógrafos...




Esta quinta fica na artéria principal de Queluz de Baixo, uma estrada movimentada e fumarenta com   bairros tipo caixote como vizinhos mais próximos. Além de um perigo para a saúde pública, é também um crime de lesa património...enfim ...mais uma vergonha camarária... mais um fardo nacional...




É um excelente exemplar de arquitectura neoclássica e esteve em tempos agregado ao Palácio de Queluz, as paredes são ricamente decoradas com frescos ainda vivos, a cantaria está quase intacta e os gradeamentos da varanda são ainda os originais. Embora o interior esteja todo desventrado, as paredes mestras ainda estão consolidadas o que permite uma reabilitação sem grandes encargos... fazem falta na zona hotéis, centros de dia, infantários, lares, bibliotecas, espaços de cultura, etc...




Quando à uns meses atrás iniciei a pesquisa sobre este imóvel, dirigi-me à junta de freguesia local que me aconselhou a falar com a CM de Oeiras, disse-lhes para que eram as informações e formalizei por email o meu pedido... ainda hoje estou à espera da resposta, mas encontrei no arquivo do Forte de Sacavém alguns dados que vos apresento...




Séc. XIX, início - mandado construir por D. João VI para servir de residência à família do médico da Casa Real, na altura instalada no Palácio de Queluz; 1908 - o edifício foi adquirido pelo pai de Alfredo Ramos da Silva, casado com uma senhora de origem italiana de apelido Restani;1986 - aprovada a
urbanização do terreno, cujo alvará estabelecia que o urbanizador devia recuperar o palácio, para unidade hoteleira, o que não veio a acontecer.

Ermida de S. Saturnino - Serra de Sintra



Desde há muito que conheço esta capela, e como podem calcular estava já para a incluir nesta colecção, aguardava apenas uma boa oportunidade para lá ir.

Hoje além deste monumento, voltei ao forte do Abano e ao Palácio Restani para tirar partido de melhores  condições de luz...resultou numa boa aventura e em material para os próximos posts...

É de admirar como numa autarquia que foi contemplada pela UNESCO como património da humanidade, se podem encontrar monumentos neste estado... 

 

Edificada em meados do século XVI e acrescentada no século XVII, em local de culto que remonta ao tempo dos visigodos. A Oeste do monumento existente actualmente no local situam-se evidências dos alicerces da primitiva ermida de provável origem medieval (séc. XII). Supõe-se ter sido fundada por Pêro Pais, companheiro de D. Afonso Henriques.



Terá sido deliberadamente demolida para dar lugar à nova ermida, de maiores dimensões, o actual templo, em finais de Quinhentos. O documento mais antigo a ela referente éa carta de doação passada por D. Sancho I ao eremita Pedro de Cintra, em 1192. O eremita Pedro veio a recolher ao mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa, por aqui não lhe ter sido possível encontrar a tão desejada solidão. Por morte deste passou para a alçada do Mosteiro de São Vicente de Fora, até1834, data da extinção das Ordens Religiosas em Portugal.
A história da ermida de S. Saturnino está profundamente ligada à capela de Nossa Senhora da Peninha. A reconstrução desta capela empenha pessoalmente o ermitão de S. Saturnino, Pedro da Conceição iniciando o ciclo de esquecimento e abandono da ermida. Passada ao estado de abandono no segundo quartel do séc. XVIII, virá a ser habitada, jáno séc. XX.  Os caseiros da propriedade habitaram a ermida de S. Saturnino até aos anos 60, tendo sido depois convertida em palheiro.




A Ermida, local de culto das populações próximas, foi intensamente frequentada até finais da Idade Média. Até essa altura o Mosteiro fez sucessivos contratos de arrendamento, na condição de os forasteiros - ermitãos -viverem numa das casas junto à Ermida e tendo entre as suas obrigações “abrir e fechar as portas da Ermida, manter tudo limpo e concertado.

Texto: M Marcelino, C. Carvalho, P. Tereno

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

As Baterias de Alpena - Trafaria




Já  i(Maginot) uma linha defensiva que à sua medida e na sua devida proporção rivaliza com as linhas congéneres francesas bem perto de Lisboa??




É a Bateria de Alpena, que descobri enquanto procurava dados na Internet sobre outro monumento nas imediações...vi esta pérola abandonada e fiquei logicamente intrigado, como é que nunca sequer tinha ouvido falar em tal monumento?? Porque é que não é sequer mencionado nos roteiros turísticos?? Porque é que foi devotada ao abandono??




Fui lá no dia seguinte, não iria ficar descansado enquanto não conhecesse este local impregnado de nostalgia militar...





O dia estava risonho e prometia uma boa sessão de fotografia, mas infelizmente a luz estava demasiado forte e a orientação solar do edifício não ajudava....hei-de lá voltar noutra hora e com melhores condições...




Soube também que há outra bateria ainda com canhões que infelizmente não encontrei, mas já a localizei e está prometida uma próxima incursão a este local... 


 

As quatro baterias de Alpena e da Raposeira são construções militares de 1893.
As baterias da Raposeira estabeleceram-se na proximidade do antigo Forte da Vigia, em plano mais elevado, a Leste. As de Alpena, junto dos antigos redutos da Raposeira Grande e Pequena. A guarnição alojava-se numa outra edificação - o quartel da Trafaria, inaugurada em 1905, pelo Rei D. Carlos.



As quatro construções militares foram aperfeiçoadas durante a I Guerra Mundial, tendo recebido artilharia de maior calibre, usado na época.
As baterias de Alpena estão actualmente abandonadas, ao contrário das da Raposeira, que continuam operacionais.


fonte : http://trafaria-patrimonio-arquitectonico8-1.blogspot.com

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Prémio Valmau - Qual é o prédio de Lisboa que mais gostava de ver em ruínas????

Lisboa tem sido vandalizada continuamente ao longo de muitos anos, está a perder a sua identidade, o seu charme, a sua nobreza...

 WTC - Campo Grande (se lhe aterrasse um boeing em cima ninguém levava a mal...)

Não somos contra a arquitectura contemporânea, tanto respeitamos um bom edifício, como um bom palácio, não se trata de uma época ou estilo, trata-se apenas de MAU GOSTO!!!

 Av. da Liberdade aos Restauradores

A arquitectura portuguesa através da sua história, sempre se inspirou nas várias correntes europeias, criando pela miscigenação um estilo bem português. Arquitectos como Raul Lino, Raul Martins, Norte Júnior, Cottinelli Telmo, Pardal Monteiro, Cassiano Branco, Cristino da Silva, Fonseca George e outros nomes sonantes desta grande arte, foram os últimos lusitanos a marcar um estilo português...

                     Av. do Brasil (dois hinos ao mau gosto de décadas consecutivas)

Desde os anos 60 e mais tarde a partir de meados de 70 surgiu um novo estilo certamente inspirado nas novelas e no espaço 1999... as construções "à moderna", que banalizaram a arquitectura como forma de arte e criando bairros inteiros de prédios despersonalizados com uma estética efémera. Como as modas vão mudando de ano para ano, foi-se repetindo a mesma asneira com requintes de criatividade e falta dela. 
 Av. Fontes Pereira de Melo

Nasceram bairros como Benfica e outros autênticos atentados à sanidade emocional de quem passa e vive nestes meios urbanos...como não há muito espaço no centro de Lisboa, foram florescendo entre os melhores exemplos arquitectónicos autênticos mamarrachos que desfiguraram a cidade, não só pela sua estética e pelo seu desenquadramento , mas como também pelo lugar que tiraram a edifícios muito mais nobres...

Na Praça Duque de Saldanha nasceu este...hummmm ...hããããã...sei lá o quê... (Tomás Taveira)

A futura Igreja de S.Francisco Xavier (Troufa Real)

Com vista a premiar essas bizarras estruturas e em conjunto com o SOS Lisboa decidimos tomar a iniciativa de os convidar enviando as vossas propostas para o Prémio Valmau,  a antítese do prémio Valmor...
A Lusa na 2ªCircular...não sei se é do Taveira ou de um discípulo, mas lá que tem toque do mestre, tem...

Este  pesadelo de betão foi plantado na Av. Álvaro Pais e chamaram-lhe Marconi...coitado do Guilherme...



Na mesma avenida lisboeta, podemos admirar este misto de Taveira com Byrne...não sei quem é o autor, mas devia-lhe ser cassada a licença por atentado ao pudor urbano...

Eu nunca gostei do Colombo,  nem do navegador nem do centro comercial... agora com duas torres ainda está pior...
Contamos com a vossa participação massiva enviando fotos e comentários... juntem-se a esta causa e ajudem-nos nesta incansável demanda...

Qual é o prédio de Lisboa que mais gostava de ver em ruínas????

As categorias a concurso são:
1) Prémio Valmau,
2) Prémio Valpéssimo e
3) Prémio Valmhorrível.

 ...e valha-me Deus...


Não se abstenham  e votem no PIOR!!!!

Júlio de Castilho

Júlio de Castilho era filho do escritor António Feliciano de Castilho e de sua segunda mulher D. Ana Carlota Xavier Vidal de Castilho e irmão do militar e político  Augusto de Castilho.

Foi a maior referência da olissipografia, foi ele próprio que a inventou. As suas investigações sobre a capital além de exaustivas e minuciosas foram precurssoras de uma actividade inexistente até então. O estudo da história e arqueologia de Lisboa.


Foi dramaturgo, jornalista, politico, historiador e professor do infante D. Luís Filipe, foi também sócio efectivo da Associação dos Arquitectos e Arqueólogos Portugueses e sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa do Instituto de Coimbra, do Gabinete de Português de Leitura de Pernambuco, do Instituto Vasco da Gama de Nova Goa e da Associação Literária Internacional de Paris.



 
Da sua extensa obra podemos citar :

-Estudo genealógico, biographico e litterario da familia Castilho, publicado no tomo III, da 2.ª edição das obras completas de seu pai. 
-Estudos sobre Camões, em 1863; 
-O senhor António Feliciano de Castilho e o senhor Anthero do Quental, Lisboa, 1865, 2.ª edição, 1866 (a propósito da questão do Bom senso e bom gosto); 
-Memórias dos vinte anos, fragmento, Lisboa, 1866 (a obra mereceu crítica favorável de Júlio César Machado e Jacinto Augusto de Freitas Oliveira, na Revolução de Setembro, de Novembro de 1867, e de Pinheiro Chagas, no Annuario do Archivo Pittoresco, do mesmo mês e ano; 
-Primeiros versos, Paris, 1867; 
-Antonio Ferreira, poeta quinhentista, estudos biographico litterarios, seguidos de excerptos do mesmo autor, Lisboa, 1875, 3 volumes; 
-D. Ignez de Castro, drama em 5 actos e em verso, Lisboa, 1875; seguido de notas históricas e de uma monografia acerca de Inês de Castro; 
-O ermiterio, collecção de versos, Lisboa, 1876; 
-Requerimento a sua magestade el-rei pedindo a abolição das touradas em Portugal, Lisboa, 1876 (apresentado em nome da Sociedade Protectora dos Animais); 
-Relatorio apresentado à Junta Geral do districto administrativo de Horta, pelo governador civil, visconde de Castilho, publicado em 1877; 
-Lisboa antiga (O Bairro Alto), Lisboa, 1879 (reeditado em 1903); 
-Lisboa antiga (Bairros orientaes), tomo I e II na Imprensa da Universidade de Coimbra, em 1884; tomos III e IV em 1885; tomo V, 1887; tomo VI, 1889; tomo VII, 1890; 
-Memorias de Castilho, tomo I (de 1800 a 1822); tomo II (de 1822 a 1831); 1881 (depois continuada no jornalO instituto de Coimbra); 
-Os ultimos trinta annos, por César de Cantu, tradução, Lisboa, 1880; 
-Jesu Christo, por Luiz Veuillot, tradução, Paris, 1881; 
-O archipelago dos Açôres, Lisboa, 1886; 
-Ilhas Occidentaes do Archipelago Açoriano, Lisboa, 1886; 
-Manuelinas (cancioneiro), Lisboa, 1889; 
-Apontamentos para o elogio historico do Ill.mo e Ex.mo Sr. Iqnacio de Vilhena Barbosa, lidos na sessão solemne da Real Associação dos Architectos e Archeologos portuguezes em 10 de maio de 1891, Lisboa, 1891; 
-A ribeira de Lisboa, descrição histórica da margem do Tejo desde a Madre de Deus até Santos-o-Velho, Lisboa, 1893; 
-D. António da Costa, quadro biographico litterario, Lisboa, 1895; 
-O christianismo e o operariado, conferência na Associação Protectora dos Operários em 27 de Abril de 1897, Lisboa, 1897; 
-Elogio historico do arquitecto Joaquim Possidonio Narciso da Silva, proferido em sessão solemne da Real Associação dos Architectos e Archeologos portuguezes em 28 de Março de 1897, Lisboa, 1897; 
-A mocidade de Gil Vicente, o poeta, quadros da vida portugueza nos séculos XV e XVI, Lisboa, 1897; 
-Amores de Vieira Lusitano, Lisboa, 1901; 
-Os dois Plinios (Estudos da vida romana), Lisboa, 1906.



 Os cidadãos e a autarquia agradecidos retribuíram com a ruína da sua residência...que por acaso até é PROPRIEDADE MUNICIPAL!!!


Além de ser mais um caso de vandalismo histórico, é o mais vil caso de ingratidão...não acredito que a CML não tenha verbas para recuperar uma humilde casa que está situada numa zona histórica (Paço do Lumiar) e tem como vizinho da frente o ilustre Museu do Traje. É demasiado grave para brincar aos autarcas...!!! Será que ninguém vê???

Ó Júlio, na próxima vez reencarna em Madrid, eles sabem  agradecer  melhor a Homens de grande calibre...

Casa de Banho Pública no Jardim do Campo Grande




Esta casinha com uma arquitectura bem portuguesa, foi em tempos uma casa de banho pública. Situada no coração do Jardim do Campo Grande, onde todos os dias passam milhares de pessoas...pela sua traça cheguei a desconfiar que fosse da autoria de Raul Lino, procurei na net mas ainda não consegui apurar...




É uma pena o estado em que se encontra, além de ser um imóvel com valor arquitectónico, tem também utilidade pública...é um dos "mijatórios" mais românticos do mundo...nunca vi nenhum com este charme... quem dera aos holandeses terem coisas destas espalhadas ao longo dos canais de Amesterdão, em Paris, Madrid, Bruxelas, Londres, NY... é que em Portugal, até o acto de  ir à casa de banho era feito com arte ...

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...