Ia de passeio numa estrada alentejana, quando avistei uma capela em ruínas no meio de uma propriedade rural, fui seguindo pela estrada até ter encontrado o que pensei ser o caminho para lá chegar. Era uma estrada de terra batida, poeirenta e longa castigada pelo calor alentejano...no seu final estava uma pequena igreja, um cemitério, um recinto com uma ruína romana, a casa dos guardas e esta ruína enigmática e de difícil interpretação, pois o que restava da sua cantaria estava por terra ou teria desaparecido para enriquecer qualquer outra casa da região, sendo portanto a sua traça pouco defenida. Disseram-me que era o palácio do cardeal, o que me deu algo por onde procurar... embora já desconfiasse do D. Henrique, vim mais tarde a confirmá-lo. Há muito poucas coisas escritas sobre este monumento, a camera de Évora não tinha nenhuns elementos e aconselharam-me a consultar o inventário de Túlio Espanca, infelizmente nunca o consegui arranjar... finalmente descobri num sitio de uma junta de freguesia um texto que me poude elucidar. Afinal tinha encontrado um PAÇO REAL!!
Nos princípios do séc. XVI instituiu a Mitra de Évora nas tranquilas terras da ribeira de Valverde, uma Quinta e Paço para descanso e retiro espiritual da câmara episcopal. Ignoramos se a ideia partiu de D. Afonso de Portugal (1485-1522), filho do Marquês de Valença, se o último bispo, o ilustre infante-cardeal D. Afonso, irmão de D. João III, finado em Abril de 1540. É evidente que já em 1514 (?) o local era habitado, porque, com a mesma data existe na cerca da actual escola de Regentes Agrícolas, uma construção gótica, certamente coetânea, do maior interesse arquitectural.
Em 1538, o mestre de obras Álvaro Anes, executava no Paço certa empreitada, que lhe fora atribuída pelo mesmo prelado.
No ano de 1544 D. Henrique, cardeal-infante, primeiro arcebispo de Évora e irmão do antecessor, fundou nas terras da Quinta, com portas adentro o Convento da Ordem Capucha, a que deu o nome de BOM JESUS.
Desde tempos remotos,que Portugal tem sido lugar de fixação de vários povos,o que,em termos de património edificado, resulta em exemplares distintos e representativos, de visita obrigatória para quem pretenda conhecer melhor a herança cultural de um povo.
ResponderEliminarDa pré-história até aos nossos dias, vários são os testemunhos que chegaram aos nossos dias, ou não!!!!
Ilumina esse património com Luz.
Saudações
Germano Fernandes