sábado, 30 de janeiro de 2010

Passatempo Ruin'Arte - Contribua para este projecto com os seus conhecimentos - Ruínas Industriais.

 
Companhia do Cabo Submarino - Carcavelos

No seguimento dos últimos dois posts tenho hoje para vos mostrar algumas incógnitas industriais. São empresas que faliram ou se mudaram para outras freguesias, deixando ao abandono estruturas de grande porte. Se alguém souber algo sobre estas aqui representadas (que não venha no google, já procurei em todos os lados), habilita-se a ganhar uma ampliação...livre de impostos e com valorização garantida... (Já há dois contemplados)!!!

 
 Fábrica na Baía do Seixal

Este tipo de edifícios por não terem um carisma mais nobre ou erudito, por não estarem directamente ligados à história politica ou mundana do País, por não nos despertarem normalmente emoções românticas, são muitas vezes desprezados como peças de arquitectura.

  
 Fábrica de lanifícios da Arrentela

Porém todos eles contribuíram para a história económica de uma região e do País, tiveram todos um papel social de extrema importância nos seus tempos áureos. Foram fonte de emprego e prosperidade, foram o pilar de muitas famílias.

  
 Cerâmica Sra. da Guia - Santarém

Dada a excelência dos produtos que algumas  fábricas produziam, serviram também como "testas de ferro" do País,   eram quase como embaixadores da qualidade portuguesa e ostentavam orgulhosamente a chancela lusitana, afirmando-se sobre a concorrência de outras congéneres estrangeiras e em mercados internacionais.
  
 Armazéns da Companhia de Cimentos de Leiria na R. do Boqueirão Duro - Lisboa

Todas estas unidades industriais encerram estórias e histórias que deviam ser contadas, todas elas viveram e deram vida a uma sociedade...todas elas foram esquecidas...
  
Fábrica e Fundição Vulcano R. do Boqueirão Duro - Lisboa

Por crises financeiras, especulação de mercado, gestão danosa, concorrência aguerrida ou desleal, golpes de azar, inadaptação a novas tecnologias, obsoletismo técnico e de produtos...etc...etc...
acabaram todas por fechar com efeitos nefastos na nossa economia e sociedade.

  
 Fábrica de Cerâmica de Arganil

Considerando que a inteligência pode ser definida como a capacidade de adaptação ao ambiente, posso concluir que a indústria portuguesa não foi muito inteligente, não se soube muitas vezes adaptar ao mercado externo nem à evolução natural de muitas tecnologias que requerem uma actualização quase diária.
  
 Fábrica de Cortiça Tavares -Montijo

Há também muitas guerras de poder que levam patrões e empregados à ruína. Por motivos de ganância, justiça ou injustiça social, muita gente fica sem emprego diáriamente. Os impostos, os pagamentos, os fornecedores, os clientes, a logística e coordenação, os stocks, os prazos...se algum elo da cadeia falha, toda a estrutura está comprometida, por vezes é difícil evitar o pior...
  
 Fábrica de Cervejas de Coimbra

Cada vez que uma fábrica encerra, deixa várias cicatrizes  na sociedade. Além da eventual falta que o produto fabricado possa fazer a muita gente, há ainda outras preocupações bem maiores. As falências colaterais de outras empresas menores que em efeito dominó seguem o mesmo caminho, chegando a abalar a tasca mais pequena...

  
Fábrica de tintas em Alcântara

Outra consequência nefasta é a degradação do ambiente urbano e o perigo que uma estrutura  devoluta representa. As ocupações de bandos e marginais, as derrocadas e incêndios, os despojos e dejectos...
  
Gist Brocades

O desperdício de recursos sempre foi um factor anti económico que muitas vezes conduz à ruína pela imbecilidade financeira de muitos empresários...e quando se desperdiçam espaços económicamente e socialmente viáveis para várias actividades que poderia trazer prosperidade a muitas povoações??

  
Fábrica de Cerâmica Britos e Filhos - Sines

Porque não se aproveitam antigas fábricas para desenvolver espaços de lazer e cultura?? Universidades, pólos desportivos, espaços comerciais, centros empresariais, conferências, hotéis...
  
Antiga fábrica em Cacilhas

A LX Factory e a Fábrica do Braço de Prata são dois bons exemplos de reabilitação e adaptação deste tipo de edifícios, que sabiamente  aproveitaram autenticas pérolas de arquitectura salvando-as da demolição, preservando pedaços de história e gerando fortuna.
  
Fábrica na Cruz de Pau - ao lado d quartel de bombeiros e em frente à Lisnava

Com certeza que nem todos são viáveis ou terão interesse sob qualquer ponto de vista arquitectónico ou social....nesse caso deixem-me implodir uma chaminé...que deve dar um gozo do caraças...!!!!
  
Fábrica de sabões Mendes Godinho???? - Fica por baixo da Ponte Sobre o Tejo do lado direito no sentido Sul

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Passatempo Ruin'Arte - Contribua para este projecto com os seus conhecimentos - Palácios.

 
Palacete no bairro do Pote de Água - Lisboa
No seguimento do post anterior, e continuando cheio de dúvidas  em relação ao património coleccionado, venho hoje dar a vez a um lote de palácios, solares e quintas, dispersos um pouco pelo País.

 
Ao cimo da R. Direita de Cascais

São na sua maioria casas nobres com um inerente passado histórico, devem portanto guardar segredos, memórias  e estórias que gostaria de ressuscitar.
 
Quinta de D. Afonso - Montemor o Novo

São também excelentes exemplos de arquitectura que marcam várias épocas mais bem aventuradas. Representam famílias e linhagens que foram sem dúvida impulsionadoras da economia local, da política ou da arte militar.

 
Palácio Pidwell - Sines

Têm traças de arquitectura características de vários estilos e testemunham cultura e requinte, prosperidade e opulência, nobreza e poder.


Jardim Botânico - Lisboa

Na sua maioria poderiam ser recuperados para vários fins, observando as carências das zonas onde vivem. Dariam boas instalações para empresas, escolas, centros de dia, de saúde, hospitais, cresces bibliotecas, museus, hotéis, quintas equestres, agricolas, pedagógicas ...


Palacete na Estrada de Benfica com a R. Alfredo Guisado

Pergunto-me a mim, como é que num País em que se constrói mais do que se consegue vender, porque é que não travam a construção nova e se dedicam ao restauro? Porque é que se desvalorizam autenticos tesouros em troca de pesadelos arquitectónicos? Porque é que não protegem o nosso património e gastam somas exorbitantes em projectos efémeros e de utilidade duvidosa?
 
Vizinha da Quinta das Galroas - Setúbal

Dá-me um arrepio quando vejo este flagelo pelo lado financeiro e o que representa como prejuízo para a nação: pelo lado fiscal, pelas receitas de turismo, pela estagnação da economia, pelos postos de emprego que poderiam gerar quer na reabilitação, quer na activação de funções, a moral lusitana, o hino nacional...
LEVANTAI HOJE DE NOVO O ESPLENDOR DE PORTUGAL!!!! Pelo menos foi o que nos ensinaram...
 
Dormitório feminino do antigo colégio Nun'Álvares - Tomar

Porque não legislar no sentido de penalizar fiscalmente a construção nova, ou até mesmo travá-la onde for necessário para evitar a desfiguração do país e irreversíveis rombos no nosso património? Se houvesse uma lei que transferisse os pesados impostos camarários que as obras de reabilitação pagam para os edifícios de "patos bravos", não construiriam tantos "mamarrachos" e estes acabariam por financiar e incentivar a reabilitação.


Casa Barata Lima - Palmares da Beira
Uma vez mais haveria mais emprego, mais riqueza, mais habitação (e mais barata), menos trânsito nas cidades, melhor ambiente e mais votos nas eleições...


Quinta da Graça - Pedrouços / Dafundo


Muitos destes magníficos edifícios são vitimas de excesso de zelo das autoridades competentes. Não podem ser restaurados sem vistorias de arquitectos, engenheiros, historiadores, arqueólogos, bombeiros e mais engenheiros, fiscais vários e novamente a câmara pela décima vez e no fim novamente o IPPAR...e nunca vão ao mesmo tempo, todos aguardam entre eles os respectivos relatórios e trocas de galhardetes...


Refúgio Aboim Ascenção -  R. Tomás da Fonseca / R. António Albino Machado - Lisboa

Geralmente esperam-se anos pelos pareceres e muitas vezes são discordantes, o que atrasa ainda mais as reabilitações que deveriam ser urgentes...  entretanto as estruturas fragilizadas começam a  ruir... vencidas pela burrocracia,  cansadas pela inacção,  acabam por morrer...

  
Quinta de Sant'Ana - Carnide

Com elas morrem também um pouco de nós, as nossas memórias, a nossa história, o nosso orgulho como nação educada e civilizada, vaidosa dos egrégios avós que nos guiaram à vitória...é inevitável questionar, como nos chamarão os nossos netos quando lhes legarmos um monte de escombros? Não seremos tão egrégios com certeza...


Palácio de Santa Catarina - Estrada de Chelas

Tivemos a sorte de nunca ter sofrido grandes danos desde 1755, porém há ainda hoje ruínas que não foram restauradas desde então. No entanto se pensarmos que há países que se levantaram de duas guerras mundiais e que reabilitaram com precisão, requinte e em tempo recorde um património muito mais vasto, é caso para pensar que o atraso social deste país à beira mar plantado é de 270 anos em relação à Europa, pois eles levantaram-se em menos de 30 anos e nós em perto de 300 ainda não demos conta do recado...volta Marquês de Pombal...estás perdoado.


Quinta do Pombeiro - Chelas


Infelizmente ainda não consegui os apoios suficientes para poder fazer uma reportagem em todo o território nacional. Aproveito todas as minhas deslocações para aumentar esta colecção, estou  ciente que há muito mais para documentar e preservar. Todas estas pérolas de arquitectura que se estão a perder deveriam ser dadas a conhecer a todos nós, para acordar a consciência de um povo que parece dormitar. Cabe-nos a todos preocupar com a nossa história e deveria ser uma causa nacional.


Quinta junto à estação dos comboios de Chelas

Deveria haver um único instituto que reunisse todas as condições para avaliar as 800.000 casas, que segundo estatísticas necessitam de intervenção. Avaliar em termos de interesse financeiro, histórico, patrimonial, com vista a viabilizar um restauro ou simplesmente demolir para evitar acidentes e aproveitar terrenos. Seria o maior investimento público da nossa história. Formar comissões de vários profissionais que pudessem fazer céleres relatórios e acudir com a urgência necessária e estabelecer prioridades.

Palácio do Marquês de Santa Iria - R. do Século

Centrando toda a iniciativa e centro nevrálgico num só organismo evitaria desencontros temporais entre as equipas fiscalizadoras além de "braços de ferro" políticos entre as eminências ditadoras, o que certamente abreviaria todo o processo. Assim quando a C.M. de Portalegre quisesse trocar uma telha do castelo, não teria de solicitar uma vistoria ao IPPAR que demora por vezes anos a acudir...entretanto houve infiltrações que prejudicaram esse edifício histórico....era tão simples como trocar uma telha...é tão estúpido como ignóbil...


Quinta do Sargento ou Larguinhos - Chelas

Deveria haver também mais associações de defesa do património, as poucas que existem além de terem pouca expressão politica e social, não têm apoios financeiros que lhes permitam tomar alguma iniciativa que não seja apenas de sensibilização cultural. Todas as cidades, pelo menos, deveriam ter um pólo cultural que defendesse e inventariasse o património, que recolhesse e investigasse a sua história. 
Solar em Galizes - tem um brasão Pombal embora me tenham dito que era de uma família Bourbon

Incentivar as populações através de campanhas de sensibilização seria uma forma de evitar que se continue a vandalizar. Alguns vândalos que por pura ignorância destroem e desprezam autênticos tesouros, são muitas vezes responsáveis pela degradação dos edifícios e ambiente urbano. A educação é o pilar mais forte de uma sociedade, é também fundamental educar e cultivar desde a mais tenra idade, garantindo assim um futuro mais risonho...gostava de acreditar que isso é possível...



quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Passatempo Ruin'Arte - Contribua para este projecto com os seus conhecimentos.

Meus caros amigos e fieis seguidores...

Antigo restaurante e casa de chá na Marginal N6 junto ao cruzamento da AE de Monsanto em Caxias

Tenho neste momento um generoso acervo fotográfico constituído muitas vezes por ilustres e desconhecidas ruínas. Como não posso ocupar todo o meu tempo em infindáveis pesquisas, lembrei-me de vos sugerir um passatempo, eu forneço as imagens, coordenadas ou localidades e outras informações sempre que me seja possível. Quem me trouxer uma história que se possa contar, ganha uma ampliação da imagem identificada.

Vivenda Anna em Sintra
 
Considero que pelo menos serão necessários três elementos para que se possa contar uma pequena história.

Pretendo saber de cada ruína:
-Nome.
-Proprietários ou família.
-Arquitecto.
-Cronologia.
-Função (no caso de fábricas e outras estruturas).
-Curiosidades várias.

Vivenda Rafaela em Azenhas do Mar, foi de Alberto Totta...quem era este ilustre senhor??além de todos os pormenores que souberem desta casa.

Como são uma valente quantidade, não porei todas no mesmo post. Irei diáriamente seleccionar pequenos lotes por categorias e / ou zonas.

Casal três Marias em Azenhas do Mar 


Chalet Elvira em S. Pedro do Estoril

Espero que se divirtam e possam contribuir para este projecto,

Casa de Emmérico (sim, é com dois ms) Nunes em Sines



Chalet Victória em Olhão


Casa na R. de Olivença no Estoril (entre a Poça e o Tamariz)



Casa à entrada de Cascais, junto à Marginal e a seguir ao Jumbo



Casa à entrada de Cascais, junto à Marginal e a seguir ao Jumbo na Av. de Sintra


Casa à entrada de Cascais, junto à Marginal e a seguir ao Jumbo na Av. de Sintra (vizinha da anterior)

Antiga quinta em Cascais na R. José Florindo, fica numa encosta de um vale.

 
Casa em frente à Praia da Poça em S. João



Casa na Parede junto à linha do comboio.


Palacete na Av. D. Nuno Álvares Pereira no Estoril (por trás do casino).


Chalet na Marginal em S. João do Estoril

Por hoje é tudo, amanhã e nos próximos dias mostrarei outras anónimas pérolas...conto com a vossa ajuda....obrigado...



Palácio da Quinta dos Alfinetes ou do Condado - Chelas

Já tinha “postado” este palácio, que erradamente me tinham dito e corroborado por várias vezes que se tratava do Palácio do Marquês de Abrantes, após uma breve pesquisa descobri muitas coisas sobre a sua história que partilhei convosco erradamente...mais tarde descobri que se tratava de uma troca de identidades, afinal era Quinta dos Alfinetes....voltei às  pesquisas que se tornaram exaustivas sem nada conseguir saber além do seu nome, nome esse que foi alterado ao longo do tempo. É um edifício de traça barroca final, aliás um excelente e raro exemplar lisboeta deste magnífico e rebuscado estilo. Tendo em consideração que maior parte dos edifícios desta corrente de arquitectura ruíram em 1755, tendo sido adoptado na reconstrução da cidade o estilo neoclássico e pombalino é fácil concluir que este palácio é uma raridade arquitectónica.

A minha visita a esta ruína foi um tanto caricata, tinha chegado ao fim da tarde e havia já pouca luz. Depois de o abordar pelo exterior, tentei subir o muro para ter acesso a outras perspectivas, mas este era alto para descer sem uma escada e ainda pior de subir... chovia e fazia vento quando lá estava pendurado  e enquanto me decidia ou não a invadir a propriedade...até que o vento levou o meu chapéu e ajudou a ultrapassar esse dilema...tive mesmo de saltar!!! Voltarei em breve para melhorar as condições de luz que eram praticamente inexistentes...

Este palácio é também uma das maiores incógnitas deste bairro, foi baptizado como Palácio do Condado e mais tarde chamaram-no de Quinta dos Alfinetes, por lá ter supostamente funcionado uma fábrica de trefilaria.Não se sabe de quem é a autoria deste projecto, nem quando foi construído. É muitas vezes confundido com o palácio do Marquês de Abrantes, talvez por este ser referido como um hipotético proprietário. O seu primeiro inquilino segundo consta, foi  António Joaquim Correia Monção que nele se instalou em 1762. De toda a informação que recolhi dispersamente, há também a hipótese de ter pertencido ao duque de Lafões e ao Convento dos Lóios. No Séc. XIX foi convertido em trefilaria, fabricava alfinetes e afins, era a Fábrica Estrela que pertenceu segundo consta a José Júlio Pereira de Morais, 2º visconde de Morais. 

Ali funcionou também entre 1910 e 1935 os escritórios das Companhias Reunidas de Gás e Electricidade, tendo sido nesse ano vendido à Caixa Geral de Depósitos. Foi vítima de um incêndio em 1964 e desde então que está no limbo dos palácios, chegou a ser oficina de automóveis até que foi doado à Fundação Luso Brasileira para o Desenvolvimento da Língua Portuguesa, iria ser reabilitado e os terrenos adjacentes tinham um projecto de Óscar Niemeyer , infelizmente faltaram as verbas e esse projecto não passou dos alicerces e foi então devolvido à CML... uma vez mais o palácio foi abandonado...


A  “porta de armas” é de uma imponência majestosa mantendo o palácio numa recatada privacidade, entra-se depois num corredor ladeado pelas antigas cavalariças que nos conduz a um enorme pátio, a sua graciosa fachada enfeitada com requintadas peças cantaria  nas janelas do piso superior, que perfilam com frontões alternados, além de um rendilhado no eixo central portal janela, dando-lhe uma harmonia e nobreza que o distingue das outras quintas daquele bairro, os seus alçados também são ricamente decorados pelas molduras das janelas, sendo de sacada as do piso superior.




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