Este é o edifício que mais me enganou e durante mais tempo...vivi lá perto e ouvi sempre a mesma história. Fica situado entre as traseiras da R. das Janelas Verdes e das da Av. 24 de Julho e foi completamente devotado ao abandono durante muitos anos. Foi cedido pela CML à Galeria Zé dos Bois onde chegou a acontecer uma exposição de "expressões artísticas"... estive lá pela curiosidade pelo do local e pela oportunidade de ver arte... essa arte era demasiadamente "artística" para eu a poder interpretar pela positiva e nunca mais lá fui...
O palacete a que está agregado pelas traseiras e jardins, era a residência de Lisboa do Marquês de Pombal, pelo menos sempre foi o que me contaram, era facilmente corroborado pelo estilo neoclássico, característico do seu tempo e pelo brasão que orgulhosamente ostenta no frontão... apurei agora que pertenceu realmente a um marquês de pombal, só que não era o "nosso" Sebastião José (1699-1782), que durante a ocupação do seu primeiro proprietário o nosso amigo já há muito tinha entregue a alma ao criador...
Foi-me também transmitido como mito urbano que servia de prisão aos seus inimigos de estimação, hipótese reforçada pela sua austera traça e por ter inclusive barras de ferro nas janelas, que inspira qualquer mente mais criativa a acreditar piamente nessa teoria, embora os seus interiores sejam amplas salas abobadadas o que poria de parte essa especulação por não haver celas, o seu carisma está tal maneira enraizado que ninguém põe em causa a fama que tem...
No final de contas, posso agora afirmar com segurança : foi construído nos séc XV ou XVI e adquirido mais tarde por José António Pereira, que viveu no palacete da rua das Janelas Verdes, foi um grande armador e proprietário de roças em S. Tomé, importador de café e outros géneros. Teria sido um verdadeiro empresário colonial, que enriqueceu tão rapidamente como empobreceu. Morreu em 1817, e o palacete foi comprado nos anos de 1850 pelo capitalista José Fernandes. Sua filha, D. Maria do Carmo Fernandes, casou em 1873 com António de Carvalho Melo e Daun de Albuquerque e Lorena, conde de S. Thiago de Beduído, segundo filho do 5º Marquês de Pombal, que por morte deste se tornou 6º Marquês dessa casa, por ter já falecido o seu irmão primogénito.
Quando o palácio foi ocupado pelos sextos marqueses foram feitas algumas reparações, nessa ocasião foi colocado no tímpano da frontaria o brasão dos Carvalhos, que está curiosamente mal reproduzido, pois a estrela é composta por apenas cinco bicos, quando deveriam ser oito.
*Tercena ou teracena: (Novo Aurélio) Local onde se construíam embarcações e onde havia armazéns para guardar os aprestos a elas destinadas.
Fonte : http://alexandrepomar.typepad.com
Pedras de Armas de José de Melo
Descobri esta casa há poucos meses e tinha imensa vontade de saber a história dela, e quem era José Antonio Pereira.
ResponderEliminarMuito interessante!
Olá :)
ResponderEliminarFoi com um grande sorriso que encontrei este Post.
Eu vivo, quase, paredes meias com este Palacete e tinha imensa curiosidade em conhecer a sua história!
Consta que vai ser recuperado e irá servir para um Centro Cultural para as comunidades Africanas.
Seja para o que for, gosto da ideia de saber que o Edificio nao se vai perder!!!
Obrigada pelo seu Post
Gostei muito
Milu*
Boa tarde,
ResponderEliminarNascido e criado no bairro da Lapa, e frequentador da escola nº 18, nas Janelas verdes e dando já para o Largo Doutor José Figueiredo (quase em frente do palacete), recordo com muita saudade o cheiro a café existente por toda a zona envolvente. Lapa e até Santos – o – Velho.
Mesmo em frente ao palacete, existiam sempre grandes camiões estacionados no passeio a descarregar café e matéria-prima, para depois naquele local ser torrado. Ainda hoje das janelas dos meus pais, se vê a enorme e velha chaminé do forno. Estou a escrever e a sentir o cheiro que me ficou desde a infância.
O que hoje é conhecido por Tercenas do marquês, chamávamos-lhe o Beco da galheta. Pode ser que tenha ouvido durante a volta que por aí deu. Era por aí a baixo ( depois de uma escapadela depois da escola) que descíamos a correr o beco da galheta para irmos pedir uns cachos de bananas aos armazéns existentes mesmo ao chegar à 24 de julho. Vínhamos carregadinhos delas.
Tínhamos medo quando espreitávamos pela porta da frente do palacete, pois do belíssimo hall de entrada, existia (não sei se ainda...) um enorme homem de ferro. Parecia que vinha a qualquer momento atrás de nós.
Excecionalmente uma ou duas vezes vi gente a sair ou a entrar do palacete. Não sei de já lá iam pouco na altura, se entravam e saíam sempre de carro do interior do mesmo.
Adorei este seu trabalho bem como tantos outros. Gostava um dia de dar umas voltas ao nosso antigo património. Estas reportagens valem ouro.
Conseguiu levar-me até 1978 mais ou menos, visto que nasci em 1970 no bairro de Lapa.
Muitas felicidades
Carlos Almeida
Boa tarde
ResponderEliminarGostava de partilhar algumas opinioes sobre as fotos das tercenas e outras. Patrimonio antigo e esquecido.
Estou a fotografrar nessa zona e todas a cooperaçoes são bem vindas. Muito bem vindas.Um abraço.
Maria Ana Costa
Email altecalinda@sapo.pt
ALTECSTEPS is a blog on ilustrious but forgoten places in the Town of Lisbon.
ResponderEliminarPassos Ilustres é um Blog sobre uma Lisboa perdida, mas muito atraente e benefica. A reviver, passo a passo com paciencia e amor.
Entusiasmante. Começamos pelo Esquecidissimo Convento dos Marianos, ao Nr. 32 da Rua das Janelas Verdes. Obra de arte Maneirista, aberto aos Domingos apos as 11h e Quintas depois das 15h.