sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Um bom MMXI d.C.

Meus queridos amigos, seguidores, confrades e compatriotas...antes de me estender em ruinosas dissertações, desejo-vos acima de tudo um BOM ANO de 2011!!!
Pois o ano de 2010 foi um ano CÃO!!!! Tal como atestam estes trabalhos ...
Tenho andado “calado” nestes últimos tempos mas com muita vontade de falar... este projecto exige muita dedicação e a parte “social” e comercial não podem ser descuradas,  prejudicando o tempo disponível para a pesquisa e novas reportagens.
Também, e desde que me subtraíram o equipamento perdi um pouco “a pica” de ir às ruínas, pois o material que tenho neste momento é um tanto limitado e os resultados seriam obviamente diferentes se dispusesse de objectivas mais amplas...mas para o ano será melhor...
Tenho ao mesmo tempo um grande acervo de ruínas nortenhas cuja pesquisa histórica me é bastante mais difícil, e como gosto de acompanhar as imagens com uma boa história, mantenho essas reportagens em “banho Maria” até as poder contar melhor...
Em breve farei uma lista e pedir-vos-ei ajuda...
Como tenho semeado ventos, poderei obviamente colher tempestades... mas depois da tempestade virá a bonança...
Sem me ter apercebido acabei por coleccionar vários temas num só, podendo repartir este megalómano projecto por zonas geográficas, por épocas e estilos, edifícios urbanos, clericais, rurais, militares, industriais... o que tornará possível editar em separado ou ser exposto tematicamente em várias frentes, dando uma maior amplitude a este acervo...
É aqui que vocês entram... DIVULGUEM ESTE PROJECTO POR TODOS OS VOSSOS CONTACTOS!!! Preciso de apoio de AUTARQUIAS, COMUNICAÇÃO SOCIAL, GALERIAS, EDITORAS, MECENAS...e tudo mais que se lembrarem...
Este projecto tem sido um levantamento fotográfico e histórico de um património que nos pertence a todos, criando uma espécie de “baú de memórias” que a todos diz respeito.
Foi em alguns casos o último testemunho de edifícios que já desapareceram, foi noutros casos o renascer de histórias há muito esquecidas ou até mal contadas... e assim continuará a ser...o Ruin’Arte é indelével...
Pela linha gráfica seguida já fui alvo de várias críticas, tanto positivas, como negativas...sou acusado de usar o Photoshop...(e quem não usa??)...esta forma de mostrar as ruínas é uma boa maneira de enfatizar o protagonismo de cada uma, criando uma acrescida carga emotiva e ajudando a passar a mensagem.
Casando duas vertentes que tanto me agradam; a cor e os contrastes de preto e branco, tornei uma simples ruína numa obra de arte, expondo-a de uma forma mais eloquente como que gritando por socorro... o resto é fotografia de arquitectura, aquilo que sempre fiz profissionalmente e um grande gozo me dá...
Como bom lusitano, sou por inerência um convicto sebastianista e estou convencido de que o ano que se avizinha nunca poderá ser pior do que o ano que agora se finda.
Como tal e acreditando no bom karma deste vosso amigo, auguro e ao contrário das previsões mais optimistas, que o ano de 2011 vai ser um ano de reabilitação para todos nós portugueses, é com as depressões que nascem as melhores soluções...inclusive a minha ;-)~

Um BOM MMXI d.C.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Fábrica dos Moínhos de Santa Iria

Avistei pela primeira vez este monumento industrial quando fui a Alhandra supervisionar a montagem da exposição... ao passar na estação da Póvoa de Santa Iria deparei com este rocambolesco cenário e estive quase para sair do comboio nesse mesmo instante , mas chovia a cântaros e tal não seria aconselhável nessas tempestuosas condições, mas ficou prometida uma visita na primeira oportunidade.
Essa oportunidade veio depressa, e agendei-a com a equipa do “Portugal em Directo” que simpaticamente me acompanhou nessa sessão e fez uma reportagem dedicada a este projecto que é de todos nós...
À Cristina Liz e aos seus “camaradas de guerra” agradeço a oportunidade que me deram e a toda a atenção que me prestaram... e já sabem, fiquem atentos, pois está para breve uma ruinosa aparição nesta já tão bem conhecida rubrica diária da RTP1.
O Edgar foi a estrela mais cintilante de toda esta reportagem, a sua cãopanhia, simpatia e fotogenia uma vez mais enriqueceram este trabalho, que dificilmente teria o mesmo impacto sem a sua canídea presença.
Antes de me deslocar a este local, pedi à C.M. de Vila Franca de Xira, todos e quaisquer elementos que me permitissem elaborar um breve artigo sobre este edifício que lentamente agoniza e já conheceu melhores dias.
Com base nos textos que prontamente me foram facultados pelo departamento competente da C.M. de V.F.X., realizei que a importância histórica deste monumento era muito maior do que poderia ter imaginado.
A Fábrica dos Moinhos de Santa Iria, foi o primeiro pólo industrial desta zona e terá contribuído para o seu desenvolvimento económico e social.
Foi construído em 1877 e quer pela sua dimensão, quer pela tecnologia de ponta com que estava equipado, era uma das indústrias mais desenvolvidas do país. Rivalizava com as suas congéneres de maior porte, tais como a Fábrica do Caramujo, da Pampulha e do Beato.
Foi edificada com base no modelo dos moinhos de Corbeil, que era na altura o expoente máximo da moagem industrial. Nos seus quatro pisos, os vários estágios de fabrico da farinha eram processados em cadeia, dando origem a uma “linha de montagem” que os percorria do primeiro ao último andar.
Também a maquinaria era da melhor tecnologia de então, a fábrica estava equipada com treze moinhos de pedra francesa, um sistema de limpeza e peneiração, animados por dois motores a vapor de 14 Cv e 80 Cv.
Mais tarde já nos anos 50 do séc.XX foi então modernizada com motores eléctricos, com um posto de transformação e um grupo de ensilagem.
O projecto dos silos de betão data de 1953 e foi da autoria de um engenheiro civil, não consegui apurar os nomes quer do arquitecto, quer do engenheiro, mas a sua traça é característica do período romântico e a sua estrutura volumétrica é funcional, destacando-se pela fenestração que prenuncia a arquitectura sustentável pelo aproveitamento da luz solar.
Manteve-se em laboração até meados dos anos 80 da última centúria, foi mais tarde vitima de um violento incêndio o que a condenou a um completo abandono e ao seu agonizante estado de conservação.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Um ano de Ruin'Arte

Foi com alguma surpresa que notei que o ruinarte.blogspot.com, tinha feito no passado dia 3 um ano de existência...devo portanto auto parabenizar-me e fazer um “relatório de contas”...
Após dois anos de trabalho exaustivo e um ano de blogosfera, visitei cerca de 600 ruínas, editei 1250 imagens, escrevi perto de 140 textos e tive quase 38.000 visitas a este nosso espaço...
Realizei duas exposições, juntei 170 seguidores, 710 amigos no Facebook, fui destacado em 8 órgãos de comunicação social, umas dezenas de sites e blogues...
Percorri este País à beira mar abandonado desde o Algarve a Trás os Montes, discursei em duas ocasiões...
 Enviei cartas e cartões, emails e telefonemas, entrevistas e reuniões...
Acordei fantasmas, desvendei mistérios, coleccionei estórias para contar aos netos nos serões de Inverno, conheci personagens incríveis, visitei locais fantásticos, fiz pesquisa histórica...
Cultivei-me a todos os níveis, ganhei maturidade fotográfica, informática, linguística, histórica, filosófica, política, social...
Vi edifícios a desaparecer, outros a serem recuperados, descobri património há muito esquecido, percorri caminhos nunca dantes percorridos...
Visitei castelos, fortes, quartéis, fábricas, estaleiros, minas,  igrejas, conventos, palácios, quintas, prédios urbanos, moradias, chalets, hotéis, sanatórios e barracas...
Ganhei notoriedade e algum protagonismo, fui reconhecido pelo mérito do projecto e pela minha carreira profissional...
Trabalhei sempre por “amor à camisola”, gastei o que tinha e o que não tinha, marquei a minha passagem terrena e constituí património...
Vivi alguns dos momentos mais marcantes da minha vida... embora estas reportagens sejam normalmente solitárias, fui por vezes  bem acompanhado em ruinosas expedições em que o convívio foi sempre saudável,  e ainda aproveitei para  passear o cão...
O já famoso cãopanheiro, cãopincha, cãomarada e sacanideo, o fiel Edgar que pacientemente e alegremente enriqueceu este longo trabalho com a sua incomparável simpatia e fotogenia...

O saldo final é fantástico!!! Exceptuando o plano financeiro estou infinitamente mais rico!!! Levei a mensagem a um público cada vez mais vasto e a causa do património está a ganhar novas dimensões...
Quero e espero conseguir manter este projecto em diante, pois segundo estatísticas, há em Portugal perto de 1000.000 de ruínas e ainda me faltam 999.400 para levar a cabo esta demanda...
A todos os que me seguem, ajudaram e/ou contribuíram de alguma forma ... 
                           
Bem hajam e muita LUZ!!!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

11ª Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira

Caríssimos amigos...

Foi uma grande honra ter sido convidado para esta iniciativa. Por esta exposição não ter sido incluída nos concursos da bienal por ter sido considerada "de um artista consagrado", não vou poder aspirar a qualquer prémio ou menção honrosa...é lixado, fazia-me jeito ganhar umas massas, porém o meu ego foi promovido e será uma mediática oportunidade que pretendo aproveitar da melhor maneira...

 Estão desde já convidados para este grande momento do Projecto Ruin'Arte e conto com a vossa presença...
Estarão patentes 40 imagens seleccionadas de uma colecção que já conta para cima de 1200 fotografias de diversos edifícios que fazem parte da nossa história...
O horário da galeria é das 9.30h-12.30h e das 14.00-17.30h, será inaugurada 6 de Novembro e estará patente até dia 12 de Dezembro, na galeria de exposições Augusto Bértholo (Museu Dr. Sousa Martins), Largo do Cais nº3, em Alhandra.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As Obras do Dr. Bacalhau - Espinhal


Foi mais uma ruinosa aventura que levou este vosso amigo a um local pitoresco e “perdido” neste País à beira mar abandonado.
Por não ser propriamente uma ruína, esta reportagem de certo modo desenquadra-se deste projecto, no entanto, e pela sua história mereceu a atenção da minha objectiva.
É um edifício inacabado que conta uma rocambolesca epopeia. A sua arquitectura é de “gosto duvidoso” pela desproporção da sua traça e pelo “estilo” que nos apresenta, sendo uma espécie de miscelânea arquitectónica com aspirações palacianas.
Foi edificado pelo Prof. Dr. José Bacalhau, um eminente médico e professor da Universidade de Coimbra, cujo sonho era construir uma unidade hoteleira de luxo no desertificado interior, dinamizando dessa forma o turismo na zona.
Para levar a cabo essa demanda, adquiriu peças de cantaria e estatuária oriundas de várias demolições, entre as quais se encontra o Hotel Avis, onde Calouste Gulbenkian vivia em Lisboa, o que daria a este edifício um cariz erudito.

O projecto data dos finais dos anos 50 e o local escolhido foi o Monte Calvário, por ter encontrado oposição local, acabou por decidir construir o seu sonho no sítio do Penedo Gordo, na Serra de Santa Maria -  Espinhal.

As obras tiveram início nos anos 60 e nunca foram concretizadas, o seu lento progresso deveu-se à falta de meios financeiros com que o Dr. Bacalhau se deparou, no entanto chegou a disponibilizá-las para alguns acontecimentos sociais de relevo, antecipando assim a sua "inauguração".
Teve aqui lugar no dia 23 de Maio de 1968, Quinta Feira da Ascensão, uma reunião de confrarias da região e foi presidida pelo Bispo-Conde de Coimbra, tendo sido um sucesso social.
Sem se ter dado conta que os terrenos onde foi edificada esta obra pertenciam à junta de freguesia, foi mais tarde gerar outro imbróglio que acabou por se solucionar em 1973, pela doação por parte da sua herdeira à dita junta.
D. Francelina de Jesus, sua governanta e fiel servidora, foi a legatária em preterimento dos restantes familiares para herdar a propriedade. Sendo uma pessoa humilde e com a melhor índole, resolveu-se pela doação  do imóvel e pela venda do mobiliário para angariar os fundos necessários para a construção de uma Biblioteca Museu Prof. Doutor José Bacalhau, o que nunca passou do projecto. Só agora a C.M. de Penela começou a restaurar e catalogar o espólio do Doutor Bacalhau, e será depositado na Casa da Cultura do Espinhal...bem hajam....
Por não ter destino para dar a esta empreitada, a junta de freguesia selou o local para evitar a  vandalização que não tardou. Foi após o 25 de Abril que o saque começou, a maior parte das ferragens, a estatuária e os materiais de construção foram desaparecendo, e segundo o que ouvi, sabe-se do paradeiro de parte deste espólio que anima alguns jardins de particulares e nada é feito para o recuperar...
Já nos finais do passado século, instalou-se aqui o Patriarche, uma instituição para recuperação de toxicodependentes, que se propuseram a recuperar este local, tendo-o deixado ainda em pior estado.
Foi recentemente entregue à  Associação Portuguesa de Medicina Preventiva, uma associação sem fins lucrativos que com todo o mérito e esforço está neste momento a recuperar todo o complexo, aqui será instalada uma clínica de medicinas tradicionais que fará justiça ao projecto inicial e fará igualmente as delícias do Dr. Bacalhau.

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