segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Fábrica dos Moínhos de Santa Iria

Avistei pela primeira vez este monumento industrial quando fui a Alhandra supervisionar a montagem da exposição... ao passar na estação da Póvoa de Santa Iria deparei com este rocambolesco cenário e estive quase para sair do comboio nesse mesmo instante , mas chovia a cântaros e tal não seria aconselhável nessas tempestuosas condições, mas ficou prometida uma visita na primeira oportunidade.
Essa oportunidade veio depressa, e agendei-a com a equipa do “Portugal em Directo” que simpaticamente me acompanhou nessa sessão e fez uma reportagem dedicada a este projecto que é de todos nós...
À Cristina Liz e aos seus “camaradas de guerra” agradeço a oportunidade que me deram e a toda a atenção que me prestaram... e já sabem, fiquem atentos, pois está para breve uma ruinosa aparição nesta já tão bem conhecida rubrica diária da RTP1.
O Edgar foi a estrela mais cintilante de toda esta reportagem, a sua cãopanhia, simpatia e fotogenia uma vez mais enriqueceram este trabalho, que dificilmente teria o mesmo impacto sem a sua canídea presença.
Antes de me deslocar a este local, pedi à C.M. de Vila Franca de Xira, todos e quaisquer elementos que me permitissem elaborar um breve artigo sobre este edifício que lentamente agoniza e já conheceu melhores dias.
Com base nos textos que prontamente me foram facultados pelo departamento competente da C.M. de V.F.X., realizei que a importância histórica deste monumento era muito maior do que poderia ter imaginado.
A Fábrica dos Moinhos de Santa Iria, foi o primeiro pólo industrial desta zona e terá contribuído para o seu desenvolvimento económico e social.
Foi construído em 1877 e quer pela sua dimensão, quer pela tecnologia de ponta com que estava equipado, era uma das indústrias mais desenvolvidas do país. Rivalizava com as suas congéneres de maior porte, tais como a Fábrica do Caramujo, da Pampulha e do Beato.
Foi edificada com base no modelo dos moinhos de Corbeil, que era na altura o expoente máximo da moagem industrial. Nos seus quatro pisos, os vários estágios de fabrico da farinha eram processados em cadeia, dando origem a uma “linha de montagem” que os percorria do primeiro ao último andar.
Também a maquinaria era da melhor tecnologia de então, a fábrica estava equipada com treze moinhos de pedra francesa, um sistema de limpeza e peneiração, animados por dois motores a vapor de 14 Cv e 80 Cv.
Mais tarde já nos anos 50 do séc.XX foi então modernizada com motores eléctricos, com um posto de transformação e um grupo de ensilagem.
O projecto dos silos de betão data de 1953 e foi da autoria de um engenheiro civil, não consegui apurar os nomes quer do arquitecto, quer do engenheiro, mas a sua traça é característica do período romântico e a sua estrutura volumétrica é funcional, destacando-se pela fenestração que prenuncia a arquitectura sustentável pelo aproveitamento da luz solar.
Manteve-se em laboração até meados dos anos 80 da última centúria, foi mais tarde vitima de um violento incêndio o que a condenou a um completo abandono e ao seu agonizante estado de conservação.

21 comentários:

  1. Muito boa tarde,
    Permita-me ser a primeira a fazer o meu comentário. Nem a propósito que o tema hoje é esta fábrica, pela qual eu passo cinco vezes por semana. Já me tinha lembrado de sugerir que visitasse este lugar, mas como não sabia o nome da fábrica, ficou sempre à espera que eu tentasse encontrar alguma informação sobre ela. Bom... ainda bem que existem pessoas como o Sr. Gastão. Bem haja...

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  2. Caríssimo Gastão,
    Mais um exemplo da podridão portuguesa, tão simbolicamente captado pela tua sinceridade.
    Vou postar no FB, visto que todos devem seguir a tua odisseia.
    Abraço.
    JG

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  3. Alô Don Gaston,
    Que lindas fotos, bem ao teu estilo ;-)
    Pois é, mais um dos sítios com um potencial enorme, na crise da decadência nacional.
    Parabéns pela perseverança da tua luta, e aguarda-se data do programa em que vai passar esta report.., é favor de avisar, bale?
    Beijinho
    RR

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  4. Estiveste parado aí um tempo, já me perguntava se, após comemorar um ano, não voltarias às postagens, ainda bem que regressaste :)
    O edifício em ruínas é lindíssimo, bem como as fotografias. Pena que os graffs, neste caso, sejam meio feinhos :p
    Felicidades! :)

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  5. Boa Noite Sr Gastão. Gostei bastante de encontrar aqui esta fábrica, moro perto e já lá fui algumas vezes apesar de nunca ter descoberto o que era. Pena que, há uns 2 anos, os bombeiros da Póvoa lhe tenham pegado fogo para um simulacro de incendio, daí as escadas mais de cima estarem todas queimadas e partidas, mas isso não mencionou a Câmara. Quando der a reportagem avise :) Obrigada! sara

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  6. Como é de esperar, um belo trabalho :)
    Não se esqueça que tem o sanatório de valongo :)
    E quando cá vier, avise que ganha companhia :)

    Obrigado e comprimentos ;)

    Paulo Sousa
    &
    Alexandra Ribeiro

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  7. A SIMECQ-Cultura vem desejar um Feliz Natal e um Novo Ano cheio de saúde, paz e amor.

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  8. Mais um post fabuloso.
    Um feliz ano novo e que este projecto voe bem mais alto no ano que vem.Bem que merece mais atenção da parte de quem manda e pode .
    Um grande abraço.

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  9. Convivi com esse edifício durante algum tempo e smp gostei de o observar. No topo da fábrica existia uma estrutura em vidro que me fascinava...fizeram-na desaparecer pq tudo iria ser demolido! tantas alternativas e nenhuma solução...obrigado pelo seu trabalho

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  10. Clara Baptista (cneptuno@sapo.pt)11 de janeiro de 2011 às 09:20

    Bom Dia,
    Gostaria de lhe dar os Parabéns pelo seu Trabalho e eu própria sou uma Pessoa que se indigna pela falta de interesse na recuperação destes Edifícios. Inclusivé, irei enviar uma carta, neste caso, à Camara Municipal de Vila Franca de Xira a sugerir recuperação. No entanto, seria interessante se alguem se quisesse juntar a mim para podermos obter/criar um espaço tipos LX Factory. É uma violencia ver a quantidade de Património que poderia ser recuperado.

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  11. Bom dia

    Sou habitante na Póvoa de Santa Iria, no entanto desconhecia a relação histórica desta edificação. Era algo que me estava atravessado da garganta…!
    Ouvi em tempos que se viria a tornar num pólo catedrático do Instituto Superior Engenharia de Lisboa, desconheço no entanto a veracidade deste boato.
    Continuação de Bom trabalho.

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  12. Sendo apreciador das suas fotos, convido-o a visitar as quintas do Brandão, das Varandas e da Verdaleira( onde poderá encontrar duas pedras tumulares), no concelho de Alenquer.

    Cumprimentos

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  13. cada vez que encontro um edifico neste estado apetece-me RALHAR, GRITAR COM A PESSOA RESPONSÁVEL, QUEM TEVE A CORAGEM DE DEIXAR ISTO ACONTECER? COMO É POSSÍVEL?! COMO PODE SER?. Deixa-se edifícios apodrecer e constroí-se ao lado naves de chapa e zinco...Como é possível? parece que andam a comer m* à colher... e a irrigação não lhes chega ao cérebro! CREDO! O que se passa com este país?
    Há alguém que me ouça e entenda a minha dor... encontrei ... a minha alma está hoje mais calma... não sou a única... juntos gritaremos mais alto e ensurdeceremos o país. Além das fotografias, qual é o próximo passo?

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  14. Bom dia

    Parabens antes de mais pelo seu excelente trabalho de fotografia, é deslumbrante.
    Tive o prazer de contemplar o seu trabalho agora no Casino de Lisboa, e infelizmente somente me desagradou um pequeno pormenor, e residente na Póvoa de Santa Iria, há 38 anos, não posso deixar aqui um reparo.
    A foto das ruinas junto à estação da Póvoa, é a Fábrica/Moinhos da Nacional na Póvoa de Santa Iria, e não em Santa Iria como está referenciado.
    Gostaria de ver futuramente este pequeno pormenor corrigido, pois são freguesias diferentes em concelhos diferentes.
    Uma vez mais obrigada por partilhar esta sua riqueza e parabéns pelo seu excelente trabalho.

    Elisabete Costa

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  15. Obrigado pela reportagem fotográfica. Pena não pudermos comparar com os seus momentos de glória...
    Trabalhei nesta Empresa até encerrar, altura em que transferimos toda a maquinaria para Setúbal.

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  16. Temos de exigir de todos nós o reerguer de um Patrimônio que é nosso - comprado com dinheiro publico entre 2000 e 2005 - e que DEVEMOS EXIGIR que nos seja devolvido já que é um simbolo e referencia das memórias para a população local! Se deixamos destruir tudo e resignarmos à pena, nada restará aos nossos filhos e netos de marcos da nossa localidade, e depois admiramo-nos que grafitem, partam e emigrem para outras paragens: sem elementos de ligação à terra não há identificação ou amor ao próprio local de onde nasceram!

    https://www.facebook.com/groups/271720793011534/275841305932816/?ref=notif&notif_t=group_comment

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  17. Boa noite,
    Engraçado que á já vários anos que passo ali de comboio, e sempre me perguntei qual seria a história daquele edifício, e no meu imaginário, sempre imaginei que desse um belo restaurante, hotel, discoteca sei lá ... Algo á beira rio q tivesse muita gente em volta , algo do estilo anos 20 com muita luz, carros de época e música, boa música jazz por exemplo.... Sei lá isto tudo no meu imaginário ... Mas muitos parabéns pelas fotos ;)

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  18. Olá,eu frequentei está fábrica. A minha mãe trabalhou na Nacional( fab.massas) e aquela casa pequena do lado direito era o infantário. Onde a minha mãe me deixava enquanto trabalhava. Era uma empresa á séria. Obg pela partilha, tenho boas recordações daí

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  19. Execelente registro fotográfico!! O edifício fica na Povoa de Sta Iria e não em Santa Iria :)))

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  20. Uma pequena correção... Esta fabrica fica na POVOA DE SANTA IRIA, bem diferente de santa iria da azoia como é aqui referido.

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  21. Foi hoje publicada uma ultima foto do edificio num site de fotografia informando que a Camara de VFX tinha demolido para futuro terminal rodoviario.

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