quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Quinta do esteiro Furado ou Quinta dos Ingleses - Sarilhos Pequenos


Deparei com esta ruína num outro site de referência inteiramente dedicado a este tema que tanto nos transtorna. Para a visitar desta vez meti-me em Sarilhos...Pequenos
A Quinta do Esteiro Furado ou Quinta dos Ingleses como é também conhecida fica situada numa recatada propriedade agrícola à beira rio plantada na freguesia de Sarilhos Pequenos, perto do Montijo. É uma quinta secular que tem fundação no Séc. XVII e resultou da unificação de outras duas propriedades, a Quinta do Brechão e a de Martim Afonso. 
O solar terá sido edificado em data incerta entre 1718 e 1721. Embora seja uma propriedade civil, a sua traça lembra com facilidade uma quinta eclesiástica pela sua característica arquitectura, o que aliás estou convencido que tenha sido o seu princípio, embora seja opinião contrária ao registos das fontes que consultei. 

A fachada é desprovida de elementos ornamentais, é eloquentemente desenhada e bem servida por escadarias e torreões que a completam e embelezam. Embora não tenha notado, li que há uma cruz de Santiago numa das torres , o que corrobora as minhas suspeitas.
 
No alçado poente tem no rés do chão uma galeria com colunas e uma escada que deu acesso em tempos anteriores a uma ampla varanda ladeada de duas torres.
 
As traseiras são singelamente traçadas, no rés do chão há mais uma galeria com uma boa série de colunas que mais se assemelha a um convento, dando acesso a áreas que seriam certamente  de serviços.
 

Ao nível do primeiro andar, corpo principal da casa divide-se em duas partes abrindo  espaço a um magnífico terraço que se adivinha ter uma vista desafogada sobre aquele postal ilustrado.
No alçado poente a traça assume um tom mais rural e novamente reforçando um cariz eclesiástico por uma torre que parece ter sido sineira.
Fazendo parte deste conjunto há uma capela dedicada à Santíssima Trindade, que foi ricamente decorada com painéis de azulejos policromados. Tem um pequeno coro alto que lhe dá uma tom ainda mais romântico e uma dimensão de pequena igreja.
Foi vandalizada durante os anos 90 do século passado e profanada em todos os sentidos. Ali foram perpetrados graves crimes de lesa património tendo sido completamente espoliada de todo o seu interior, além da hedionda profanação de sepulturas.
 
O culto da capela é comummente e erradamente atribuído a S. Giraldo por aqui estar sepultado um tal de Giraldo Huguens e sua mulher, falecidos em 1657, a quem é atribuído o epitáfio de “Instituidor desta irmandade”, uma vez mais reforçando as minhas suspeitas se nos lembrarmos que era permitido aos cavaleiros de Santiago serem casados (embora fosse aconselhado o celibato).
 
Apenas escutando as memórias das pedras, acabei por reunir uma série de elementos que me permitem alvitrar que esta quinta foi primitivamente uma  propriedade clerical. 
Segundo o testemunho de uma descendente da família que aqui habitou, esta quinta pertenceu à mesma linhagem desde cerca de 1800, o que antecede a extinção das ordens religiosas em 1834, ou se considerarmos uma possível margem de erro de uma longínqua memória familiar, podemos admitir a hipótese de ter sido mais uma propriedade vendida em hasta pública por essa ocasião.
O seu destino foi traçado por uma rifa, quando o último proprietário desta família a sorteou pela terceira vez... um fim bastante inglório para tão nobre propriedade.

Mais tarde  em 1908 , Lord Bucknall e Carlos Creswell proprietários da Casa Comercial Creswel & Cª, firma corticeira da região, já possuíam uma fábrica e serração na quinta, tendo-a adquirido posteriormente e chegaram a utilizar a capela como armazém de lenha...
 

Pertence hoje a Xavier de Lima e é mais uma da longa lista de monumentos que deixa egoistamente apodrecer com fins imobiliários.


Para saber mais: http://www.monumentos.pt/Monumentos/forms/002_B2.aspx?CoHa=2_B1

sábado, 22 de maio de 2010

O Palácio dos Duques de Aveiro - Azeitão

Assim que se entra na antiga vila de Azeitão deparamos com este triste palácio. A sua sumptuosidade contrapõe-se ao seu degradado estado e a sua glória foi ofuscada pela sua funesta história.

Por Azeitão ser tida como um local de eleição para o veraneio da alta nobreza do reino, além de Palmela se ter tornado por essa altura em sede da Ordem de Santiago da qual D. Jorge era mestre, foram certamente factores decisivos que contribuíram para a escolha desta vila para a edificação de tão sumptuoso palácio.
 
Foi edificado por D. Jorge de Lancastre  pelos anos de 1521/37 em cima de umas casas contíguas ao Convento de S. Domingos, onde o Duque se hospedava com frequência durante as suas estadias nesta localidade.
 

Este edifício é um dos melhores exemplares de arquitectura renascentista portuguesa, a sua planta em U e as linhas que o traçam são de inspiração italiana clássica, a envergadura e volumetria tornam-no numa das maiores residências nobres rurais do País.
É uma jóia de arquitectura que foi amaldiçoada no dia em que D. José de Mascarenhas da Silva e Lancastre, 5.º marquês de Gouveia  , 8.º conde de Santa Cruz e 8.º duque de Aveiro, foi condenado por traição à coroa por tentativa de assassinato de D. José I. 
 

Foi no dia 12 de Janeiro de 1759 que a sorte deste palácio mudou para sempre ao ter sido castigado pela mesma sentença do seu proprietário. Foi confiscado juntamente com todos os bens desta nobre família, tendo sido esta a única propriedade que foi poupada à demolição embora o brasão tenha sido picado.
O palácio foi ocupado até  1847 pela primeira fábrica de tecidos de chita do País até ser vendido a particulares em 1873, desde então que tem sido alugado para habitações e empresas que ali temporariamente funcionaram chegando a albergar o Instituto da Vinha e do Vinho.
 

Embora tenha alguns locatários que o habitam, há algumas alas devolutas e o seu estado de conservação é preocupante. Pela falta de rentabilidade e pela dificuldade em manter uma estrutura destas dimensões no seu melhor estado de conservação os seus actuais proprietários colocaram-no à venda pela módica quantia de 5.000.000 €, o que se pode considerar um valor simbólico se o compararmos a uma moradia de luxo.
Enquanto não encontrar um investidor que saiba reconhecer o seu valor patrimonial e o consiga rentabilizar  pela sua nobre estrutura, irá continuar a agonizar e a perder todos os dias o que resta do seu encanto. 
Para saber mais :  http://www.azeitao.net/quintas/palacio.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Mascarenhas_da_Silva_e_Lencastre,_Duque_de_Aveiro
 

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Fábrica da Seca de Bacalhau da Companhia Atlântica de Pesca - Seixal

Fui por duas vezes contratado como fotógrafo profissional para fotografar panoramas da baía do Seixal, além da sua típica arquitectura. Foram trabalhos feitos para empresas de construção que pretendiam construir naquela zona. Interesse que reforça o valor imobiliário e vontade de investir num local que tem todos os requintes da arte de bem viver...
 

Para ter uma perspectiva de frente para essa vila teria de a abordar na Ponta dos Corvos, uma península com uma praia fluvial virada para Lisboa e terrenos pantanosos no lado da baía.
 
Depois de ter seguido a marginal que ladeia a baía até ao fim deparei com uma estrada sem saída e ninguém me soube dizer como se ia para esse local, por mais voltas que tenha dado não consegui atingir esse ponto...até que inventaram o Google Earth e assim consegui chegar a essa meta , mas só na  segunda incursão é que fui a este local... 
Foi no dia em que nasceu o meu filho Dinis...tinha combinado ir buscar ao aeroporto às 8h da manhã um designer castelhano que viria acompanhar a sessão , só que entretanto o puto lembrou-se de nascer logo nesse dia e não pude avisá-lo...imaginem o sssssstresssssss...
Larguei o “nuestro hermano” em Belém, onde poderia ver o Museu do Design, Marinha, Arqueologia, Jerónimos, Coches, etc... estava garantido que ficaria bem entregue e assim que pudesse iria ter com ele...
 Só que o puto ainda estava atrasado e teimava em não sair... até que estava quase na hora do avião de volta e tive mesmo que ir fotografar... assim que saí, o Dinis  saiu também...desencontramo-nos por dez minutos...(sacana do puto....!!!!)
Fiz tudo na brasa e aproveitei uma luz catita do fim de tarde, levei o cliente ao aeroporto e voei para a maternidade onde tive o privilégio de  conhecer o meu varão...parecia um amendoim, era perfeito...
 
Hoje tem quatro anos e é uma das minhas maiores alegrias...mas voltemos ao Seixal...
 

Voltei a explorar esta baía diversas vezes, é um santuário da natureza completamente vandalizado. A sua profícua flora presenteia-nos  generosamente e com frequência se podem ver bandos de flamingos,  de perna-longa,   alfaiates,  garças ,  patos-bravo, que ali buscam alimento, locais de nidificação e abrigo... 
 
Encontramos também nas suas margens muita sucata....velhas carcaças de barcos ferrugentas, que pela diluição de metais pesados contaminam as águas e solos além de ofenderem a paisagem. Muito  enriqueceram a minha série “Rust in Peace”, antecessora do “Ruin’Arte”, e tivesse eu barco teria gozado muito mais com este degradante espectáculo digno de uma costa paquistanesa ou namibiana...
Brindado por uma vista panorâmica de uma distante Lisboa sobre o Mar da Palha e servido por uma praia sem veraneantes e poluição, com uma exposição solar completa uma vez que não está sujeito nenhuma barreira ou relevo nas imediações, a Ponta dos Corvos é um local de eleição para qualquer ser vivo que pretenda ter qualidade de vida...a viagem até lá é que é pior...a estrada de terra batida é um pouco sinuosa e os terrenos podem estar quase alagados por enormes poças de água de chuva...
Ao chegar à Ponta dos Corvos, não só temos uma magnifica vista sobre o Seixal, como também travamos conhecimento com alguns dos exemplares da melhor arqueologia industrial completamente devotados ao abandono...
 
Como é que estruturas tão valiosas como estas, quer no ponto de vista histórico, quer no ponto de vista imobiliário não são reabilitadas e postas a render...??? O local é pleno de beleza natural, de uma calma e harmonia que faria corar de inveja qualquer outro ponto turístico ou postal ilustrado. 
 
Sendo Portugal um dos maiores consumidores de bacalhau em todo o mundo, é difícil de compreender porque é que esta indústria pesqueira entrou em decadência. Fomos donos de uma invejada e portentosa frota pesqueira num passado recente, além do Creoula que é hoje um navio escola, onde estarão esses fantásticos navios que fizeram história nos mares do Norte?? Possivelmente nesta mesma baía e abandonados em estado de sucata...atrevo-me a alvitrar...
Tivemos estaleiros navais capazes de produzir excelentes embarcações em tempo recorde, mão de obra especializada era coisa que não faltava e um povo ávido por esse nobre peixe que se prepara de mil e uma maneiras diferentes...e todas elas deliciosas...o que é que terá falhado???
A Fábrica  da Seca de Bacalhau da Companhia Atlântica de Pesca. Era a maior da zona e aqui se estabeleceu em 1947 tendo encerrado no princípio dos anos 90. 
O edifício principal encontra-se em relativo bom estado de conservação, mas o mesmo já não se pode dizer dos pavilhões adjacentes. A destruição destas estruturas fazem lembrar a passagem do furacão Katrina quando castigou a costa Sul americana...
Os pavilhões adoçados ao edifício central, pela sua envergadura servem também de testemunho à importância económica e social que esta indústria protagonizou, uma vez que foi responsável por centenas de empregos que aqui se criaram. 
Deste espaço restam apenas as paredes ainda alguns tanques de lavagem que facilmente se imaginam cheios de bacalhau, levando-nos quase a sentir o cheiro que ali se propagava. 
 
Há vestígios de um cais, cujos alicerces ainda marcam a presença do que outrora foi palco de um pesado labor diário, a avaliar pelo seu comprimento deveria permitir várias amarrações ao mesmo tempo, o que testemunha a rotineira azáfama desta fábrica, além de uma numerosa força de trabalho...

Nos terrenos circundantes podemos ainda ver as centenas de estacas que serviam para secar ao sol este apetitoso peixe, dando-nos também a oportunidade de realizar a envergadura da produção desta unidade industrial.
 

 Há ainda uma curiosa e romântica edificação bem no meio de um pântano, que é descrita no Google Earth como “moinho da seca do bacalhau” e a mim me parece apenas um abrigo para aves selvagens ou domesticas que ali devem ter morado, uma vez que não tem nenhuma engrenagem ou entradas de água...
 

Em toda a área envolvente há várias estruturas edificadas, todas elas em estado de ruína... só nesta margem  há cinco moinhos de maré e outra fábrica que hão-de merecer oportunamente a minha atenção, já lá andei  mas é inevitável molhar os pés ou chafurdar no lodo para conseguir boas perspectivas...lá terei de alugar um barco...só assim poderei fazer um trabalho com a qualidade que este projecto merece...conhecem alguém que possa dar boleia???

Onde poderão saber mais sobre a pesca do bacalhau e outras curiosidades
http://caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O projecto Ruin'Arte saúda o Papa Bento XVI

O Mosteiro de N. Sra. de Seiça

O Convento de Penafirme
A ermida de de S. Sebastião
 A igreja de Safira
A ermida de S. Pedro de Viana do Alentejo
O Pincarinho de S. Vicente
A igreja matriz de Oriola
A igreja de Santa Maria do Bispo
O convento de Jesus
A Torre do Galo
A ermida de S. Saturnino
A igreja de S. Pedro da Marateca
O convento do Loreto
O convento da  Abelheira
A ermida de N. Sra. da Conceição

...e muitos outros...

ROGAM ao Santo Padre que faça muitos MILAGRES...

Esperando que Bento XVI faça eco em S. Bento...

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