sábado, 22 de maio de 2010

O Palácio dos Duques de Aveiro - Azeitão

Assim que se entra na antiga vila de Azeitão deparamos com este triste palácio. A sua sumptuosidade contrapõe-se ao seu degradado estado e a sua glória foi ofuscada pela sua funesta história.

Por Azeitão ser tida como um local de eleição para o veraneio da alta nobreza do reino, além de Palmela se ter tornado por essa altura em sede da Ordem de Santiago da qual D. Jorge era mestre, foram certamente factores decisivos que contribuíram para a escolha desta vila para a edificação de tão sumptuoso palácio.
 
Foi edificado por D. Jorge de Lancastre  pelos anos de 1521/37 em cima de umas casas contíguas ao Convento de S. Domingos, onde o Duque se hospedava com frequência durante as suas estadias nesta localidade.
 

Este edifício é um dos melhores exemplares de arquitectura renascentista portuguesa, a sua planta em U e as linhas que o traçam são de inspiração italiana clássica, a envergadura e volumetria tornam-no numa das maiores residências nobres rurais do País.
É uma jóia de arquitectura que foi amaldiçoada no dia em que D. José de Mascarenhas da Silva e Lancastre, 5.º marquês de Gouveia  , 8.º conde de Santa Cruz e 8.º duque de Aveiro, foi condenado por traição à coroa por tentativa de assassinato de D. José I. 
 

Foi no dia 12 de Janeiro de 1759 que a sorte deste palácio mudou para sempre ao ter sido castigado pela mesma sentença do seu proprietário. Foi confiscado juntamente com todos os bens desta nobre família, tendo sido esta a única propriedade que foi poupada à demolição embora o brasão tenha sido picado.
O palácio foi ocupado até  1847 pela primeira fábrica de tecidos de chita do País até ser vendido a particulares em 1873, desde então que tem sido alugado para habitações e empresas que ali temporariamente funcionaram chegando a albergar o Instituto da Vinha e do Vinho.
 

Embora tenha alguns locatários que o habitam, há algumas alas devolutas e o seu estado de conservação é preocupante. Pela falta de rentabilidade e pela dificuldade em manter uma estrutura destas dimensões no seu melhor estado de conservação os seus actuais proprietários colocaram-no à venda pela módica quantia de 5.000.000 €, o que se pode considerar um valor simbólico se o compararmos a uma moradia de luxo.
Enquanto não encontrar um investidor que saiba reconhecer o seu valor patrimonial e o consiga rentabilizar  pela sua nobre estrutura, irá continuar a agonizar e a perder todos os dias o que resta do seu encanto. 
Para saber mais :  http://www.azeitao.net/quintas/palacio.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Mascarenhas_da_Silva_e_Lencastre,_Duque_de_Aveiro
 

11 comentários:

  1. Mais um, e este vejo-o quase todos os dias, na sua triste e injusta solidão.

    até breve
    Teresa Leal

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  2. Belo post!

    Sabes, recentemente estive em Meca e lembrei-me bastante de ti e do teu blog. Neste local existe uma grandiosa Basílica que estando num estado de lamentável decadência, necessita deste teu olhar.

    Abraço

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  3. É incrível como se gasta tanto dinheiro mal gasto neste país e não há dinheiro público para investir num palácio tão imponente e cheio de história como este, o que só vinha beneficiar uma vila tão bonita como Nogueira de Azeitão!

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  4. Eu, como um dos proprietarios do Palácio dos Duques de Aveiro, venho informar de que o valor que aqui é referido, nada tem a ver com o que nós pretendemos pelo Palácio. É pena que se publiquem valores e se façam comentários sem haver um conhecimento concreto do que é pretendido pelos proprios proprietários.

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  5. O valor que aqui referi, foi-me adiantado pela Agência cavaco & Silva de Azeitão, que ficou inclusive de me arranjar os vossos contactos... peço-vos desculpa pela desinformação e se me derem os valores reais rectificarei imediatamente.

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  6. Ao anónimo proprietário. Diga quanto quer, pode aparecer alguém interessado. Ou está à espera que o preço suba....olhe que com a crise o mais provável é descer ainda mais.

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  7. Já agora também gostava de saber qual é o valor solicitado para a aquisição do imóvel.

    Contudo, acho que seria interessante os proprietários fazerem um pequeno e investirem na sua recuperação através de fundos comunitários - QREN.

    Vejo com desagrado a preferirem a sua degradação que o usufruirem do seu potencial.

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  8. A meu ver, é um eterno monumento à sorte dos Duques de Aveiro. É do que me lembro quando vejo este edifício. Maldição secular...

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  9. Visitei Azeitão no passado fim-de-semana e fiquei verdadeiramente intrigada com o Palácio. Encantada pela sua imponência, mas desolada pelo seu estado degradado avançado, comecei a pesquisar e fiquei desagradavelmente surpreendida com os factos históricos que assombram este belo edifício...tenho pena, imensa pena, que este local histórico é entregue ao abandono pelos actuais proprietários, ou porque a sua situação financeira não permite recuperá-lo, ou porque simplesmente não tenham qualquer afecto ao mesmo...mais pena tenho de viver num país onde o estado não protege este tipo de monumentos, ainda que pertencentes a particulares...feliz seria para mim o dia, em que visse este Palácio recuperado em toda a sua glória, e superar, finalmente, o estado de desgraça a que esteve sujeito...

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  10. como consegue impor o sentimento de nostalgia e desolaçao na fotografia....

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