Deambulava eu por Lisboa à procura de mais umas pérolas para enriquecer esta colecção, quando passei em frente da Soc. Com. Abel Pereira da Fonseca. Estes armazéns foram reabilitados pela altura da Expo 98 e convertidos numa espécie de discoteca que era frequentada por yupies e jet set, à semelhança da fábrica do Braço de Prata que nessa altura foi recuperada como espaço de convívio...a Expo acabou em Setembro e ditou uma sentença de morte lenta a estes edifícios industriais em que investiram tempo e dinheiro, talvez com a esperança de um retorno financeiro imediato.
É pena os nossos economistas e investidores não terem a noção do que é médio e longo prazo e assim que o negócio vacila retiram-se com os bolsos cheios e abandonam projectos e colaboradores...
Este é mais um edifício que o genial arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior projectou em Lisboa.
A sua obra além de reconhecido mérito internacional, mereceu igualmente a atenção de uma aristocracia abastada que lhe encomendou os mais grandiosos projectos do seu tempo. Foi um dos arquitectos que mais contribuiu para o nosso património arquitectónico com a construção dos mais diversos tipos de edifícios. Em sua memória e como uma homenagem tardia, lhe dedico este post.
Este conjunto do início do século é da autoria do arquitecto Norte Júnior por tendo sido adicionados, na década de 30, armazéns, depósitos e oficinas, que formam uma "villa", juntamente com o edifício original.
Insere-se numa parcela mais vasta anteriormente ocupada pela Sociedade Comercial Abel Pereira da Fonseca, que incluía adega, engarrafamento e comercialização de vinhos. Enquadra-se o edifício no 1º período novecentista, que abrange o primeiro quartel do século até à emergência das artes decorativas e do modernismo. Período de grande ecletismo onde pontuam das experiências Arte Nova aos “neo” (românico, árabe,…), da Casa Portuguesa à tradição “Beaux Arts”.
Neste exemplar é bem sintetizado o período temporal e a função, num cuidado desenho de fachadas, referenciando os tonéis de vinho dos grandes janelões circulares, simples e simultaneamente muito ornamentados nos seus simbólicos cachos de uvas. A composição espelha bem uma modernidade algo eclética bem cara a este período temporal.
Neste exemplar é bem sintetizado o período temporal e a função, num cuidado desenho de fachadas, referenciando os tonéis de vinho dos grandes janelões circulares, simples e simultaneamente muito ornamentados nos seus simbólicos cachos de uvas. A composição espelha bem uma modernidade algo eclética bem cara a este período temporal.
As suas principais obras foram:
-Casa Malhoa - Prémio Valmor 1905.
-Villa Sousa - Prémio Valmor 1912.
-Palacete Belmarço, Faro, 1912 ou1917.
-Moradia na Av. Fontes Pereira de Melo, nº 28 - Prémio Valmor,1914.
-Edifício na Av. da Liberdade, nº 206 a 218 - Prémio Valmor, 1915.
-Palácio Fialho, Faro, (1915-25
-Pensão Tivoli - Prémio Valmor, 1927.
-Palacete Guerreirinho, Faro, 1936.
-Cine Teatro Variedades
-Edifício da Sociedade amor da Pátria na Horta
-Cavalariças de Santos Jorge no Estoril.
Pois, mais um belo exemplar arquitectónico que acabará por cair...de um grande nome de um país de anões!
ResponderEliminarPor acaso, e embora o Projecto do Palace Hotel da Curia seja da autoria de Norte Júnior, o da piscina-acho que a primeira piscina olímpica construída em Portugal, e o respectivo pavilhão, de cariz já acentuadamente Bauhausiano é de Raul Martins, que era meu avô...
ResponderEliminarMas como desapareceu em 1934, até estas referências se vão perdendo. Tenho, algures fotos da época, do tal Pavilhão
Obrigado pela partilha, por acaso gostava de ver estas fotos, foi o meu avô materno que fez a captação das águas destas termas e devem-se ter cruzado com certeza...
ResponderEliminarcom LUZ
G;-)~
Realmente é o nosso pequeno mundo... Relativamente a esse assunto vou procurar. Encontrei, entretanto numa revista de 37, uma referência.
ResponderEliminarDepois digo qualquer coisa...
Até logo
luis t.