domingo, 15 de novembro de 2009

Sociedade Comercial Abel Pereira da Fonseca - Arqt. Norte Júnior



Deambulava eu por Lisboa à procura de mais umas pérolas para enriquecer esta colecção, quando passei em frente da Soc. Com. Abel Pereira da Fonseca. Estes armazéns foram reabilitados pela altura da Expo 98 e convertidos numa espécie de discoteca que era frequentada por yupies e jet set, à semelhança da fábrica do Braço de Prata que nessa altura foi recuperada como espaço de convívio...a Expo acabou em Setembro e ditou uma sentença de morte lenta a estes edifícios industriais em que investiram tempo e dinheiro, talvez com a esperança de um retorno financeiro imediato.
É pena os nossos economistas e investidores não terem a noção do que é médio e longo prazo e assim que o negócio vacila retiram-se com os bolsos cheios e abandonam projectos e colaboradores...

Este é mais um edifício que o genial arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior projectou em Lisboa.
A sua obra além de reconhecido mérito internacional, mereceu igualmente a atenção de uma aristocracia abastada que lhe encomendou os mais grandiosos projectos do seu tempo. Foi um dos arquitectos que mais contribuiu para o nosso património arquitectónico com a construção dos mais diversos tipos de edifícios. Em sua memória e como uma homenagem tardia, lhe dedico este post.

 
Este conjunto do início do século é da autoria do arquitecto Norte Júnior por tendo sido adicionados, na década de 30, armazéns, depósitos e oficinas, que formam uma "villa", juntamente com o edifício original.

Insere-se numa parcela mais vasta anteriormente ocupada pela Sociedade Comercial Abel Pereira da Fonseca, que incluía adega, engarrafamento e comercialização de vinhos. Enquadra-se o edifício no 1º período novecentista, que abrange o primeiro quartel do século até à emergência das artes decorativas e do modernismo. Período de grande ecletismo onde pontuam das experiências Arte Nova aos “neo” (românico, árabe,…), da Casa Portuguesa à tradição “Beaux Arts”.
Neste exemplar é bem sintetizado o período temporal e a função, num cuidado desenho de fachadas, referenciando os tonéis de vinho dos grandes janelões circulares, simples e simultaneamente muito ornamentados nos seus simbólicos cachos de uvas. A composição espelha bem uma modernidade algo eclética bem cara a este período temporal.






As suas principais obras  foram:

-Casa Malhoa - Prémio Valmor 1905.
-Villa Sousa - Prémio Valmor 1912.
-Palacete Belmarço, Faro, 1912 ou1917.
-Moradia na Av. Fontes Pereira de Melo, nº 28 - Prémio Valmor,1914.
-Edifício na Av. da Liberdade, nº 206 a 218 - Prémio Valmor, 1915.

-Palácio Fialho, Faro, (1915-25
-Palácio Hotel da Curia. (1926) 
-Pensão Tivoli - Prémio Valmor, 1927.
-Café Nicola - 1929

-Palacete Guerreirinho, Faro, 1936.
-Cine Teatro Variedades
-Edifício da Sociedade amor da Pátria na Horta
-Cavalariças de Santos Jorge no Estoril.

4 comentários:

  1. Pois, mais um belo exemplar arquitectónico que acabará por cair...de um grande nome de um país de anões!

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  2. Por acaso, e embora o Projecto do Palace Hotel da Curia seja da autoria de Norte Júnior, o da piscina-acho que a primeira piscina olímpica construída em Portugal, e o respectivo pavilhão, de cariz já acentuadamente Bauhausiano é de Raul Martins, que era meu avô...
    Mas como desapareceu em 1934, até estas referências se vão perdendo. Tenho, algures fotos da época, do tal Pavilhão

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  3. Obrigado pela partilha, por acaso gostava de ver estas fotos, foi o meu avô materno que fez a captação das águas destas termas e devem-se ter cruzado com certeza...

    com LUZ

    G;-)~

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  4. Realmente é o nosso pequeno mundo... Relativamente a esse assunto vou procurar. Encontrei, entretanto numa revista de 37, uma referência.
    Depois digo qualquer coisa...
    Até logo
    luis t.

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