quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Antiga residência do Governador do Forte do Bom Sucesso



Desde miúdo que conheço esta casa, passava por ela sempre que ia visitar a minha avó, e desde sempre que percebi que não era uma casa vulgar. Não era só a sua arquitectura "bizarra" que o seu arco lhe emprestava, era também a nobreza sóbria da fachada que se impunha a quem passava...até um miúdo como eu percebia a mensagem. Nunca soube a sua história até a ter fotografado, foi quando realizei que o seu papel era ainda mais importante na arquitectura envolvente, pois era a residência do governador do Forte do Bom Sucesso que se situa a escassos metros à beira Tejo. Estas duas estruturas são neste ponto de vista indissociáveis, tiveram o azar de ser separadas por uma burocrática escritura condenando desde então a sua cumplicidade.

Foi uma vez mais vitima da "burrocracia", pelos sucessivos projectos e embargos  nas várias tentativas da sua recuperação. Por vezes o excesso de zelo e os complicados processos a que estão sujeitas condena-as a uma morte lenta e inevitável, há vários organismos que devem ser consultados, o IPPAR, a CML, Bombeiros, Arquitectos, Engenheiros, Fiscais e outros tantos que só atrapalham!!!

Porque é que não vão todos ao mesmo tempo?? Ou vão todos na forma de um...uma comissão...

Este palacete foi também, como muitos outros edifícios devolutos vitima de "combustão espontânea", toda a sua estrutura foi afectada tornando a sua recuperação ainda mais difícil e onerosa... como é que estas coisas acontecem num edifício que devia estar emparedado?? O proprietário não deveria ser responsabilizado?? Porque é que ainda não há uma legislação contra estes actos que acabam por "resolver" a favor do construtor?? O património imobiliário devia estar sujeito às mesmas leis das florestas...se arderem, ardeu também o negócio da madeira queimada!!! Só assim se poderá travar estes actos criminosos...os donos deviam ser expropriados imediatamente após um incêndio, ou pelo menos investigados e julgados!!!

Mas já não vale a pena preocuparmo-nos mais com esta nobre e histórica residência...foi demolida recentemente, tal como todo o ambiente envolvente, para dar lugar a mais um condomínio...ficamos todos a perder e alguém ficou a ganhar... aqui fica sua história...




Palacete seiscentista de volumetria simples, com dois pisos, rasgado no andar térreo por um túnel abobadado em madeira com arco em asa de cesto que o atravessa e permite passagem pública. As fachadas são ritmadas por pilastras adossadas, que distribuem ao nível do rés-do-chão janelas de verga recta ou curva e ao nível do segundo piso janelas de sacada, com grades de ferro forjado e um varandim já do século XIX. Na passagem rasgam-se, de cada lado, três portas de verga recta. Boa parte dos vãos de portas e janelas sofreram alterações no século XX, estando o edifício na posse de um particular.







O Forte do Bom Sucesso foi edificado em 1780, sob a direcção do General Vallerée, entre as praias de Bom Sucesso e Pedrouços, reforçando a linha defensiva de Belém. Na mesma época foi edificada a residência do governador da fortaleza, no perímetro do baluarte, a expensas da coroa.

Possivelmente, a obra foi concluída nos primeiros anos do século XIX, atendendo-se à inscrição colocada sobre uma das portas de entrada, onde se gravou "[...] A REAL/ CROA PARA PATRIMO/ NIO DA FORTALEZA/ DO BOM ÇOCEÇO/ ANNO DE 1802 ". 





Embora esteja muito degradado, o edifício mantém a estrutura de gosto oitocentista. De planta rectangular, possui fachada principal dividida em três panos, marcados por duas pilastras adossadas, dois registos e águas furtadas. 
Ao centro, no piso inferior, abre-se um grande arco, que através de um túnel permitia a passagem para a praia do Bom Sucesso, e que actualmente se encontra entaipada. Do seu lado esquerdo foram rasgadas duas janelas de peito, do direito duas portas. 
No piso superior abrem-se seis janelas de sacada, duas em cada pano, com varandim de ferro. Ao nível das águas furtadas, existem seis mezzaninos. A fachada posterior é em tudo semelhante à principal.

3 comentários:

  1. Olá!
    Fotografias fantásticas.
    Então os Valmaus só podem ser em Lisboa???
    xx

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  2. Os prémios Valmor são em Lisboa, sendo o Valmau a sua antítese, devem ser logicamente nesta área urbana...mas envie na mesma, se tiver alguma proposta...

    obrigado

    G;-)~

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  3. isto e uma vergonha! desgraça! la se foi mais uma! eu concordo devia de ser como as florestas... ardeu ardeu... não se mexe... por amor de deus, infelizmente muitos edifícios históricos ou nao, sofrem este mesmo destino... que pena...

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