quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Hotel Miramar - Monte do Estoril
Tinha eu 9 anos, passava férias em casa da minha avó materna quando a seguir ao jantar, da varanda de casa avistamos altíssimas labaredas para os lados do Monte do Estoril...fomos ver o que se passava e assistimos in loco ao incêndio que devorava este edifício, lembro-me como se tivesse sido ontem das enormes chamas que lavravam sem descanso aquela estrutura que se consumia perante uma multidão assustada...lembro-me também de uma senhora em roupão e com rolos no cabelo que atónita e sem expressão, passivamente assistia aquele dantesco espectáculo. Os bombeiros "afogueados" que tudo fizeram para o salvar foram os heróis da noite. Ninguém se magoou e ninguém nada mais fez... mais tarde e ainda miúdo voltei lá em duas ocasiões para explorar as ruínas, quando iniciei esta demanda foi o primeiro edifício no Estoril a que me dediquei.
Havia um esperado projecto de reabilitação que prometia respeitar as fachadas, infelizmente foi completamente demolido com a promessa de manterem uma das torres caso não derrocasse...e é apenas o que resta hoje em dia do que foi este imponente hotel.
O Hotel Miramar encontra-se em ruínas desde 1975, altura em que ardeu na sua quase totalidade, embora muito do seu estado actual em ruínas se deva à progressiva degradação, ao vandalismo e ao abandono a que foi votado pelos seus proprietários e pela CMC, ao longo de mais de 30 anos (!), sem que quem de direito interviesse a fim de fazer cumprir a lei. Como foi isso possível?
O Miramar foi sempre considerado um dos hotéis mais míticos da Linha, não só por força da popularidade que gozou ao tempo do Casino Internacional, como pelo palacete e jardins de típica arquitectura de veraneio de finais do séc. XIX , da responsabilidade do Eng. Almeida Pinheiro, e de que os registos à época e as fotos em anexo (das actuais ruínas) são a melhor prova. Portanto, não compreendemos nem aceitamos as declarações do Sr. Arqº Gonçalo Byrne, quando diz "não encontro valor no que está ali".
Imóvel que, recorde-se, está incluído no inventário da Direcção Geral do Monumentos Nacionais e Edifícios e no Catálogo-Inventário do actual PDM. Para além disso, é menção obrigatória em todos os trabalhos académicos e culturais sobre a zona. Dado o estado de degradação do imóvel, presume-se que grande parte do edifício terá de ser demolido para posteriormente ser reconstruído, mas apenas isso: reconstrução!
Foi demolido integralmente por considerarem o valor arquitectónico da estrutura do edifício ser dúbio, pelas intervenções sofridas ao longo dos anos e pela degradação após o incêndio, como tal nem as fachadas se salvaram...
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MAGNIFICO TRABALHO! lindo! MEUS PARABENS :)
ResponderEliminarFico maravilhada quando venho a este blog...apesar de serem tristes estes destinos...e se lhe pudessemos perguntar,e se nos pudessem responder,tanto nos contariam estas paredes, estes pedaços, estas ruinas!!
ResponderEliminarConheço bem o Hotel porque passei lá férias. Mais tarde em ruínas era um local de miticas romagens..consegui recuprars das ruínas um Menu do último dia, como hotel que ainda conservo. O melhor era a piscina...muito simpática. Depois de se ter zangado com a administração do "Atlântico" por não terem reservado o seu habitual quarto ( de 20 anos)e o terem "alugado" a uma pessoa que vinha de "uma agência de viagens" .... lol...a minha avó rumou com a criada de quarto para o Miramar, onde aliás se hospedava o seu médico...
ResponderEliminarNós em miudos passavamos temporadas na que consideravamos a "nossa casa". O chefe de mesa, o empregado do bar da piscina também tinham vindo connosco do fronteiro Atlântico. ao principio estranhei, parecia-me mais pequeno e....pior...depois não podia passar sem aquela mitica piscina, com uns "redondeis" á volta previamente reservados para aí almoçar-mos...obviamente quando nos portavamos bem...