sábado, 7 de novembro de 2009
O palácio Henriques ou Paço da Álcaçova
Nunca uma casa com tanta história e tantas estórias foi tão desprezada, ainda hoje é motivo de orgulho da população e é motivo de vergonha da nação...
Este palácio situado nas Alcáçovas foi palco de uma série de acontecimentos históricos e está intimamente ligado a duas dinastias, o que testemunha não só a importância que este lugar outrora teve, como também revela a aprazibilidade da região.
Está hoje devoluto e eternamente à espera de uma solução que lhe dê um destino mais nobre. O prof. José Hermano Saraiva já lá fez programas de televisão e atribui-lhe enorme um protagonismo na nossa história, tentou captar a atenção das entidades competentes e até hoje nada mais aconteceu...
Mandado construir pelo Rei D. Dinis, onde chegou a viver com a Rainha Santa, o Palácio de Alcáçovas foi do Condestável D. Nuno Álvares Pereira; um dos netos que foi Duque de Bragança; do Marquês de Montemor e do Rei D. João II que nessa altura o deu a um fidalgo castelhano, D. Fernando Henriques, que apesar de ser castelhano tinha ajudado os portugueses na guerra contra Castela. Neste programa, muitos outros aspectos da nossa História e do Património Real são abordados nesta belíssima freguesia de Viana do Alentejo.
No reinado de D. Afonso V foi concedido o primeiro senhorio das Alcáçovas a D. Fernando Henriques. Desde então o Palácio foi palco de grandes cerimónias, de que se destacam os casamentos das Infantas netas de D. João I e de Nuno Álvares Pereira, de D. Isabel com o rei de Castela D. João II e de D. Beatriz com o Infante D. Fernando. O rei D. João II doou então a vila à família dos Henriques, depois de ter sido a sua residência preferida e onde no Palácio Real Portugueses e Castelhanos assinaram o «TRATADO DE ALCÁÇOVAS» (1479), antecedente directo do Tratado de Tordesilhas. No início do século XIX a família senhorial dos Henriques vai passar a dividir o seu tempo entre as Alcáçovas e Paço de Arcos, contribuindo para o desenvolvimento de ambas as localidades. Em 1836 é suprimido o concelho das Alcáçovas, sendo integrado no concelho de Viana do Alentejo
Edifício de planta composta pela articulação de dois elementos de planta rectangular dispostos perpendicularmente, um orientado no sentido E.- O.. e outro no sentido N.-S., encontrando-se respectivamente nos topos E. e S. Articulação vertical de dois pisos e cobertura diferenciada para cada ala, de telhado de quatro águas, e ainda para pequeno oratório, encaixado a cavaleiro do piso térreo no topo N. da frontaria, de telhado radial sobre cúpula hemisférica. A fachada principal, orientada a E., é composta por dois registos articulados na vertical; no primeiro pórtico do terreiro e pequena fresta quadrada das caves e no segundo alinhamento de três janelas de molduras manuelinas, uma de sacada. Particularmente notáveis são as fachadas O. e N. das construções articuladas, fazendo o enquadramento do terreiro interior; arrimada à fachada O. oposta à frontaria, corre escadaria de um só lanço dando acesso a pequeno pórtico rasgado no registo supremo da fachada N. estes registos superiores são corridos por alinhamentos de janelas de sacada, de duplo ajmez, três em cada fachada.
Utilização Inicial: Residencial
Época de Construção: séc. 13
Cronologia: séc. 13 - fundação; 1495 - nela lavrou testamento D. João II; 1568 - reforma integral do edifício a que se deve o seu aspecto actual; 1622 - edificação capela de São Jerónimo; 1990 - constituído Grupo de Amigos das Alcáçovas, para aquisição do Paço ao seu proprietário Ana Maria de Lencastre e Caetano de Lencastre, Julho - assalto à capela tendo sido roubados castiçais, jarras de porcelana e a tela de São Jerónimo; 1994, 30 de Setembro - escritura de venda ao Estado.
Tipologia: Arquitectura civil residencial, gótica, manuelina, renascentista. Edifício típico da arquitectura regional senhorial de época manuelina, com forte marca de influência mudéjar, em ambiente urbano. O paralelo rural pode considerar-se o Solar da Sempre Noiva em Arraiolos
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Como muito património que está em ruínas, os governantes pós 25-A têm vergonha da História de Portugal.
ResponderEliminarFoi com muita satisfação que vi hoje (do exterior) a recuperação deste espaço. Vou voltar!
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