sábado, 7 de novembro de 2009

Convento e Igreja de Nossa Senhora da Porta do Céu



A história do fundador deste imóvel é indissociável da génese do mesmo, que se relaciona com os interesses do império marítimo português no século XVII. Em 1591, o príncipe de Ceytavaca Catercorlas, com treze anos, subiu ao trono de Cândia, ilha de Ceilão, mas foi logo destronado. Ficou então sob protecção dos frades franciscanos e foi baptizado, tomando o nome de D. João de Áustria. A sua educação continuou até D. João de Cândia receber, em 1625, as ordens sacras em Madrid, obtendo de Filipe II de Portugal uma pensão eclesiástica. Voltou depois a Lisboa e instalou-se na Rua da Mouraria, onde veio a falecer em 1642 com 64 anos de idade.



Em 1625 instituíra a Irmandade de Nossa Senhora da Porta do Céu, mas não é certa a data da fundação do convento com a mesma invocação. Por volta de 1630 comprou a Quinta do Ouvidor-Mor, em Telheiras, para nela erigir um oratório e dedicar as construções existentes à convalescença de clérigos menores, que deveriam obter licença régia, mas como em 1632 ainda não se havia resolvido essa questão, doou o convento aos franciscanos.



Com a sua morte, encontrar-se-ia ainda em fase de conclusão a obra da igreja. Foi sepultado no carneiro debaixo do altar-mor, sendo as suas ossadas transferidas no século XVIII para um mausoléu encastrado na parede da capela-mor, encontrando-se actualmente no Museu Arqueológico do Carmo a respectiva lápide sepulcral e brasão. Está registada na porta da igreja conventual a data de 1656, que eventualmente corresponderá à da sua conclusão.



A partir do reinado de D. João V a igreja e convento passaram a ser frequentados pela casa real e nobreza, destacando-se o Marquês de Pombal como membro da Mesa da Irmandade, o que terá contribuído para a sua reconstrução após o terramoto de 1755. A mesma encontrar-se-ia pronta em 1768, facto evidenciado pela inscrição que se encontra sobre o portal.



O declínio e desaparecimento deste convento dá-se no período conturbado do século XIX. Ficou em 1833 em pleno campo de batalha das guerras liberais, tendo sido a 8 de Outubro ocupado pelas tropas do Marechal Saldanha. Neste período perdeu-se o seu recheio, nomeadamente a biblioteca, apesar de não reunir uma riqueza comparável à de outros conventos franciscanos da capital. Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, passou para as mãos do Estado, sendo em 1837 vendido em hasta pública, juntamente com a cerca.
Em 1910, a igreja foi transformada em oficina de serralharia, tendo sido arrancado o vigamento do coro e as lápides sepulcrais, e uma taberna instalou-se nas dependências conventuais, que terão, em dado momento e pelo menos em parte, sido ocupadas como habitação. Em 1941 a igreja foi recuperada ao culto após obras de restauro promovidas pelo Dr. Caetano Macedo. O ano de 2004 coincidiu com a criação da paróquia de Telheiras, em que a agora igreja matriz paroquial teve que ficar fechada ao culto, devido ao mau estado do telhado. Foi então assinado um protocolo entre a EPUL e o Patriarcado de Lisboa para se realizarem obras de restauro do exterior e da cobertura da igreja, que se iniciaram em Setembro de 2004.

A Nossa Senhora da Porta do Céu revestia-se de grande importância para a comunidade local de Telheiras: a sua imagem tinha na mão uma chave que, quando solicitada, era emprestada aos doentes ou moribundos; As suas festividades eram comemoradas a 4 de Outubro, evidenciando grande adesão popular.
O convento, apesar de ter sofrido várias vicissitudes e transformações, reflecte a traça singela das casas franciscanas. A sua planta apresenta actualmente a forma em U, constituindo a igreja, situada a poente, com a cabeceira para Sul, a maior das actuais três alas. Volumetricamente o edifício é composto por três paralelepípedos, tendo cobertura com telhados de duas águas, articulados nos ângulos. Na reconstrução, efectuada após o terramoto de 1755, ter-se-á aproveitado muito da primitiva igreja de gosto tardo-manerista.


texto extraido de http://cdulumiar.blogs.sapo.pt

A titulo de curiosidade, e segundo o Dr. José Quintanilha Mantas (colaborador deste projecto) que já fez escavações no local, o bloco de pedra aglomerada na fachada, é o que resta de uma torre romana com cerca de 20 m de altura e que servia de farol de Lisboa, o que é indicativo que a origem do nome Lumiar vem precisamente deste monumento que alumiava o caminho dos viajantes.

6 comentários:

  1. Os meus parabéns. O tema deveria ser levantado cada vez mais em voz alta, na nossa sociedade.De facto é pena o que para aí se vê e ninguém põe mão nessa degradação que nunca mais tem fim.
    O facto de ser trabalhada a fotografia, realça e choca a degradação e ruina, embora a realidade fossa mais notória para sua comparação.
    Este nesse barco, tudo o que for feito para lutar contra esta fraqueza humana, estarei ao seu lado...

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  2. O meu pai viveu no convento de 1944 a 1969!
    Nas habitações que lá foram criadas. Lembra-se da mercearia, dos vizinhos, do clube de futebol... A registar!

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  3. De Frias Fatima

    Nasci e vivie là nos anos 1976-1990 passei momentos inisqueciveis...pena ter perdido contacto com os outros que la viviam ... fico com uma lagrima no coraçao cada vez que me lembro e veijo que nada foi feito ainda para reconstruir onde havia as barracas a parte do convento (taberna do senhor Manel que jà faleceu a muito tempo na sua terra em resende) e ... onde brincava com as minhas amigas que là moravam (Susana,Rosa ,Carla,David...e a Isabel que morrava no bairro Jardim como lhe chamavamos) eu morrava com a Elisabete nas barracas ao lado do convento que bons tempos, mesmo se nao tinhamos o que os nossos filhos taem hoje ,mas lembro me de fazer espetaclos em cima do muro a cantar uma musica de rui veloso (Nao ha estrelas no ceu)...Fazo um apelo se alguem tiver fotos desses tempos ou se conhece as pessoas mentionadas na minha messagem eu gostaria imenso de ter contacto com elas ...

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    1. Ola a fatima eu sou a rosa se tiveres Facebook procura me..
      Que saudades des desses bons momentos que passamos

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    2. Ola tentei te precourar mais rosa morais a muitas da-me mais detallhes

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  4. pena nao ter conseguido ter contacto ....

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