Deambulava eu por espaços cibernéticos à procura de mais ruínas, quando me deparei com este pequeno povoado a que chamaram Aldeia das Broas. Já tinha pensado numa incursão pelo interior do País para retratar algumas aldeias abandonadas, mas nunca pensei que existisse uma tão perto de Lisboa.
Fiquei com uma imensa vontade de a visitar e oportunamente inclui-la nesta colecção. Aproveitei um favor que fiz a um amigo que me pediu para transportar um móvel na minha carripana e com um desvio de poucos kms lá fomos a este ermo local.
Depois de o ter localizado no Google Earth ( 38º 53’ 08 N 9º 20’ 38 W ) aventurei-me para os lados de Almorquim onde fui atirado para a berma por um vândalo ao volante...Numa estrada tipo “cama de corpo e meio” e ainda por cima num dia de chuva vinha um acelera a tentar entrar para o Guiness e fui obrigado a sair da estrada para evitar uma “pega de caras”... o tipo nem abrandou...fiquei a saber que naquele vale encantado também não há rede de telemóvel pelo que tive de andar ainda uns bons Kms para poder telefonar a um reboque...mas no fim foi divertido...
Depois dessa aventura lá fomos nós à procura da Aldeia das Broas... esta aldeia foi abandonada pelo último habitante em 1969 por ser demasiado isolada de qualquer posto de abastecimento primário, o que tornava a vida desta população numa tarefa difícil. Desde então que ficou parada no tempo, é como se estivéssemos numa cápsula temporal em que os anos deixaram de passar, preservando o ambiente que ali se viveu ao longo de vários séculos.
Situada no concelho de Mafra, o coração da região saloia onde as memórias de um povo rural ainda perduram na seu mais genuíno conceito, subsiste ainda toda a estrutura de uma aldeia intocada pelo progresso... o ambiente que se vive nesta aldeia está entre o desolador e o encantador...
Por um lado temos a sensação de um assombro pelos “fantasmas” que certamente erram entre as paredes das casas devolutas, por outro lado temos a sensação de uma nostálgica alegria, impregnada em todo o espaço circundante que nos faz recuar a um remoto passado ainda presente no nosso imaginário.
Há referências à sua existência desde 1527 e a construção mais recente data de 1888, (ano em que nasceu Fernando Pessoa). A arquitectura das casas é tipicamente saloia daquela zona, são construídas em pedra e as mais recentes têm as paredes revestidas de reboco.
O facto desta aldeia estar tão preservada, deve-se ao mesmo tempo pelo seu isolamento. Por estar fora do alcance dos grunhos que gratuitamente vandalizam estes espaços, tem sido poupada a uma pior sorte ...embora já lá haja um gaffiti, não há estragos maiores...
Encontram-se ainda bem conservadas todas as estruturas rurais de que este povoado dependia: a eira, o forno, os currais, uma adega, um lagar, o poço, são alguns dos vestígios aqui deixados que testemunham o dia a dia dos habitantes deste local. Há também no cimo do monte um aglomerado de pedras que formarão certamente um gigantesco puzzle de um moinho...
O cenário onde se encontra é simplesmente divino, a verdejante encosta onde está implantada tem uma magnifica vista sobre um vale encantado com todos os elementos que um feng shui necessita para ser perfeito.
Árvores várias, campos de cultivo, exposição solar q.b, um rio e linhas de água, fundem este pedaço num misto de património arquitectónico e natural, convidando-nos a visitar , a demorar e voltar sempre que necessitar de “carregar baterias”...
A casa saloia :http://loures.com/?p=62
Belíssimas fotografias. Já visitei por diversas vezes esta aldeia, tendo-lhe feito referência em tempos.
ResponderEliminarhttp://diasquevoam.blogspot.com/2008/11/natal-reflexes-como-seria-quadra-na.html
Interessantissimo. Os que nao temos carro nao podemos visitar estes lugares, ainda bem que está o Ruin'arte para nos aproximar a eles.
ResponderEliminarSempre a surpreender Gastão. Não fora pelo texto e pensaria ser uma daquelas aldeias abandonadas lá para a Lousã. Não fazia ideia que existia isto aqui tão perto. Excelente, como sempre.
ResponderEliminarSem dúvida um belíssimo blog. Imagens e texto, tudo feito ao pormenor e com muito bom gosto.
ResponderEliminarE traz-nos uma ideia definida, que é o que se quer.
Abraço
Esta Aldeia das Broas, sempre foi um dos meus locais favoritos, sempre que vou para os lados de Almorquim...E tal o fascínio que tenho por aquelas ruínas, aliás como por qualquer outras, que da série de livros de aventuras jjuvenis que escrevi, sob o título ''Os Primos'', o +ultimo é precisamente, ''O Enigma da Aldeia das Broas''. Para o escrever, consultei imensos livros sobre a zona e ainda mais fascinada fiquei. As fotos são lindas...Você conseguiu que aquelas paredes deixassem a alma sair da profundeza das pedras e transparecerem aos olhos de quem tem a sensibilidade de ler o que elas nos querem dizer. Parabéns.
ResponderEliminarVera Lucia
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Visitei esta aldeia há cerca de 3 anos. Vale a pena a caminhada por aquele trilho, para visitar este lugar magico
ResponderEliminarConheço bem Broas e toda a zona circundante. A aldeia realmente acolhe-me sempre com um misto de calma e inquieta sensação de viagem no tempo. Convido o autor a visitar Mafra, onde infelizmente existem alguns edificios em condições de entrar neste blog. Começando pelo magnifico Palácio dos Marqueses de Ponte de Lima, na Vila Velha...
ResponderEliminarola
ResponderEliminaro blog é espectaculoso. Ajudou-me imenso num trabalho de área de projecto.
Mas preciso de saber por que se chama Aldeia de Broas?
Obrigado
Olá o meu nome é Patrícia Brôas, conheço a aldeia das Brôas à muito tempo, sabendo então que não pertence ao concelho de Mafra, aliás essa tem sido uma guerra entre concelhos, pois ninguém quer abrir mão desta sítio maravilhoso e de uma grandeza de história impertinente. O meu nome pelo que sei vem dessa aldeia, sendo que a família da parte do meu marido ou seja os bisavós/trisavós dele eram de lá. A ultima habitante a sair das Brôas ainda é viva e conheço-a perfeitamente. Foi um prazer partilhar isto com todos.
ResponderEliminarPatrícia Santos Brôas
Procuro parceria para ecoturismo e agricultura biológica numa aldeia abandonada desde 1974, no norte de Portugal, concelho de Montalegre, na serra do Barroso, junto ao parque Nacional Penada do Gerês, com projecto de turismo de aldeia aprovado, PIP (Pedido de intervenção prévia) Condições PIN (projecto de interesse Nacional) para a reconstrução de 22 casas, área de serviços, loja de conveniência, construção de 47 (Chalés) vivendas, diversos moinhos de água, diversos caminhos celtas e uma estrada celta/romana, deversas nascentes, minas de água, cascata, floresta de carvalhos, capela, eira, celeiro, palheiro, canastro, fonte mineira, fontanário, souto milenar, 66 hectares de terreno, 3, 18 hectares de área de construção, lameiros, terras campeiras, terras hortículas, etc.
ResponderEliminarToda a propriedade privada é pertença da aldeia e encontra-se rodeada por centenas de hectares de baldios. Já não existe serventia de caminhos públicos, ou seja é uma aldeia em condomínio fechado
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medsergio gmail
E valores deste empreendimento?
EliminarDeve ser bastante interessante. Deve ser um local fabuloso para fotografar :)
ResponderEliminarI visited Broas on a hike a couple of weeks ago with a British company (HF Holidays). We stopped for a lunch break at Broas, and I used the time to investigate what I could and take photographs. It's a fascinating site, and I'd like to learn more about the place. If anyone could point me to further information (aside from an article called ABANDONED VILLAGES AND RELATED GEOGRAPHIC AND LANDSCAPE CONTEXT: GUIDELINES TO NATURAL AND CULTURAL HERITAGE CONSERVATION AND MULTIFUNCTIONAL VALORIZATION), I'd be grateful.
ResponderEliminarPaul Hutchinson
St. Catharines, Ontario, Canada