segunda-feira, 22 de março de 2010

Cine Teatro Capitólio - Lisboa

 O Cine Teatro Capitólio é mais um edifício abandonado do património arquitectónico de Lisboa. O seu estado de conservação é preocupante, o seu papel cultural ao longo dos 75 anos de actividade foi relevante em todos os aspectos. Situado no coração do Parque Mayer sendo o maior edifício de todo o complexo. Ao fim de um interregno de quase 30 anos e várias polémicas geradas em seu redor estão finalmente previstas para breve obras de requalificação. Passar-se-á a chamar Teatro Raúl Solnado e vai ser um espaço cultural dedicado ao teatro e cinema, além de um prolongamento do Jardim Botânico e Museu de História Natural...(Uma vigorosa e prolongada vénia quando isto acontecer). 
 

 Foi traçado por Luís Cristino da Silva, um dos arquitectos mais proeminentes do Séc. XX português e é considerado por especialistas como o introdutor do modernismo em Portugal. Inaugurado em Julho de 1931, com uma série de inovações  que o distinguiram das demais construções, como a introdução de uma escada rolante e de uma esplanada no terraço. Tinha-se iniciado uma nova era na arquitectura.
Foram feitas em duas ocasiões obras de estruturação. Acedia-se ao exterior por amplas portas envidraçadas, que foram entaipadas na primeira remodelação em 1933. Ainda nesse ano foi montado no terraço uma cabine de projecção para sessões ao ar livre. Em 1935/36 a sua planta foi novamente alterada sob a supervisão de Cristino da Silva.  Foi acrescentado à sua estrutura primitiva mais um pavimento no balcão, além de frisas e camarotes, todo o palco foi reestruturado tal como a cabine cinematográfica.   Ficou então habilitado a receber 1400 espectadores. Aqui se estreou em  1946 uma das máximas obras-primas da história do cinema: Man Hunt de Fritz Lang.

Mais tarde e no pós 25 de Abril entrou em decadência.Especializou-se na projecção de filmes pornográficos, o que atraiu um público menos recomendável e lhe retirou a boa fama que sempre gozou. Em meados dos anos 80 e pouco antes de fechar as portas definitivamente funcionou no último andar uma espécie de discoteca, o Roller Magic, que consistia num ringue de patinagem animado por música pop e adolescentes que circulavam furiosamente em redor da pista ao ritmo do Lou Reed e Dire Straits... foi a última vez que lá entrei...

Para saber mais : http://www.jf-sjose.pt/news.php?news_id=472&page=11

http://forum.radiozero.pt/forums/outras-frequncias/topics/as-escadas-rolantes-do-capitlio

http://anossalisboa.cm-lisboa.pt/index.php?id=1914&tx_ttnews[tt_news]=2240&tx_ttnews[backPid]=1852&cHash=93710d99d3


3 comentários:

  1. O Roller era giro...
    Janico
    Abraço

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  2. Caro confrade bloguista Gastão de Brito e Silva
    Cheguei ao seu excelente blogue através de "link" no blogue "Kuentro", do meu amigo Machado-Dias, que faz habitualmente uma reportagem fotográfica da Tertúlia BD de Lisboa que organizo há vinte e cinco anos, com encontros mensais, sempre no Parque Mayer.
    Estive a ver/ler vários dos seus "posts", e, coincidência curiosa, deparou-se-me a imagem de um edifício apalaçado, em ruínas (inclusive já sofreu um estranho incêndio há uns anos, mas ainda resiste na fachada um brasão) edifício esse que existe ao cimo da minha rua, a Jorge Colaço.
    Parabéns pela sua luta, pela persistência que demonstra, e pelas estupendas fotografias com que ilustra os seus fluentes textos.
    Abraço.
    Geraldes Lino
    http://divulgandobd.blogspot.com

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  3. O Capitólio é de facto uma obra importantíssima dum dos nossos maiores arquitectos, Cristino da Silva, e inaugura a arquitectura modernista em Portugal.
    É pena ter sido totalmente adulterado, com aquela indescritível cobertura em telhado.
    Resta esperar que, conforme prometido pela CML, seja reconstruído de acordo com o seu belo projecto original, com a cobertura em terraço.
    Não estou de acordo com a mudança de nome. Acho que o Raul Solnado merece todas as homenagens, mas o lettering vertical "CAPITÓLIO" na coluna envidraçada é parte integrante da obra original.
    Aproveito para dar os maiores parabéns pelo blogue, tenho estado a lê-lo de fio a pavio nos últimos dias. É muito meritório que estas ruínas, que são um testemunho do passado, fiquem devidamente documentadas.
    É reconfortante ver que as fotos são acompanhadas de texto, uma raridade hoje em dia, em que ninguém tem paciência para escrever.
    Espero que tenha condições para continuar este bom trabalho!
    JCA

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