Andei a adiar este post por não ter quase nenhuns elementos que contem a história desta quinta. Cansado de esperar e depois de ter voltado ao local para fotografar a ermida, dei-me por contente por ter conseguido ao menos apurar que pertenceu a um lavrador chamado Joaquim Augusto Pombeiro.
Tentei conhecer a sua genealogia, porém o seu nome em nada o liga à antiga casa dos condes de Pombeiro, cujo apelido era (e é) Castelo-Branco.
Está situado em pleno Parque da Bela Vista, numa solarenga encosta virado para as Olaias, tem como vizinho um edifício com traça semelhante mas com menos um piso que outrora pertenceu à mesma propriedade, está ocupado pela Casa das Cores que é um Centro de Acolhimento Temporário para crianças em perigo, vítimas de maus-tratos e/ou negligência. Uma iniciativa que devia ser continuada por todo o País reabilitando as crianças e o património. http://www.casadascores.pt
A avaliar pela imponência do palácio e por este não ter pedra de armas, além de usar como elemento decorativo as suas iniciais, leva-me a concluir que J.A.P. tenha sido um bem sucedido agricultor mas sem grande protagonismo social.
A traça é simples e característica do estilo pombalino, desprovida de ornamentos e com uma cantaria simples, o portão principal tem um frontão neoclássico que lhe empresta um toque de nobreza e anuncia aos visitantes a envergadura deste edifício.
O pátio que lhe dá acesso é ladeado por arrecadações de construção posterior e igualmente arruinadas.
Como é infelizmente habitual, a casa foi vitima de combustão espontânea e continuamente vandalizada ao longo de muitos anos o que a levou a um estado deplorável. Todo o seu interior foi esventrado e consumido por um implacável incêndio e são ainda visíveis alguns vestígios de estuques e frescos que conseguiram resistir a todas as intempéries.
O Jardim tem uma ermida devotada a N. Sra. da Conceição. A pequena nave já à muito que ruiu, subsistindo a invicta abóbada ainda com vestígios de frescos hoje adornados com graffitis e outras "obras de arte contemporânea". Existe ainda um lago e todo este romântico espaço era cercado por um ornamentado muro.
Sei que há um projecto de reabilitação em curso, mas até chegar à sua conclusão irá ainda demorar certamente uns anos, mas se seguirem o exemplo dos vizinhos valerá a pena esperar.
Caso alguém saiba de algum elemento que possa enriquecer este post, já sabe : habilite-se a ser vencedor de um troféu Ruin'Arte. Conto com a sua colaboração para desvendar este e outros segredos encerrados nestas ruínas.
O trabalho continua excelente.Era mesmo muito bom que o exemplo da casa das cores fosse seguido.Andamos sempre a construir de novo quando temos tanto e tão bonito para recuperar. Quanto valeria para a economia nacional, através do turismo e da qualidade de vida das pessoa que cá vivem, termos uma cidade e um País bem estruturado , limpo e recuperado? Quanto valeria mantermos a paisagem bonita e limpa com respeito pela natureza e tradições locais, o património valorizado e recuperado e actividades culturais de qualidade por todo o País?Quanto valeria tudo isto no PIB e que influencia teria no desenvolvimento do nosso País?Portugal é um Pais muito bonito, com potencialidades enormes mas infelizmente com um povo que colectivamente é de vistas curtas (embora por vezes aqui e ali surjam alguns rasgos de esperança) e governantes que o tão bem representam e que insistem em fazer de nós um País pobre.
ResponderEliminarDesculpa o desabafo mas as tuas maravilhosas fotos também me transportam para aquilo que ,enquanto País, poderíamos ser, se os investimentos fossem bem direccionados .
Abraço e obrigado pelo que mostras neste blogue.
O meu comentário é só para referir que admiro a qualidade do trabalho aqui apresentado quer em termos fotográficos quer a coerência do projecto e estratégia. A minha solidariedade traduziu-se em mais um voto nos Super Blog Awards da Super Bock que, infelizmente, funciona em termos de lobbying em vez de critérios de qualidade técnica.
ResponderEliminarParabéns e um abraço
Vasco Trancoso (Blogue HEAVENLY - http://vascotrancoso.blogspot.com/)
Um referência sumaríssima na «Corografia Portugueza» (T. III, Lisboa, 1712, p. 419), refere uma ermida de N. Senhora da Conceyção na quinta de Gaspar de Brito imediatamente antes de se referir às ermidas das quintas de Luís Álvares de Andrade (que desconheço), dos Aciprestes (à Fonte do Louro) e das Ameias (ao Areeiro).
ResponderEliminarÉ provável que seja esta quinta do Pombeiro, mas talvez só com os registos paroquiais ou municipais venhamos a saber.
Cumpts.
Lindas fotos, belíssimo blog...parabéns...bjão
ResponderEliminarGrata pela recolha. Descobri no 1º dia do ano este espaço em ruínas mesmo a dois passos da rua onde resido.Feliz acaso que fotografei. Desconhecia completamente a origem mas fiquei com curiosidade. Publiquei no FB e as perguntas surgiram. Ao encontrar o vosso blog documentei as fotos e fiquei mais curiosa ainda. Se recolher + alguma informação relevante, comunico. Obrigada
ResponderEliminarManuela Oliveira
Sabe-me dizer se existia alguma fonte? Ou se viu algum indício de uma fonte? Cyrillo refere uma fonte nesta quinta (precisava para um trabalho de investigação). Obg e parabéns pelo Blog!
ResponderEliminarSim , existe uma fonte e uma capela, que só vi na segunda incursão...
EliminarSim existia uma fonte
EliminarJulgo que o registo paroquial de batismo de Mariana de Morais Sarmento (Liv. baptismo do Lumiar, ano 1738, folha 53), tendo por padrinho de batismo o infante D. Manuel, refere que seus pais, Miguel Vicente de Morais Sarmento e Joana Joaquina de Liz Freire Estrina, habitavam à data (18 jun 1738) na Quinta do Pombeiro, onde existia um oratório em que sua filha foi batizada. Também a avó da esposa (Ana Margarida da Cunha de Eça) de um seu filho (o Cap. Manuel Joaquim de Morais Sarmento)chamava-se Maria Josefa de Castelo Branco e Castro, filha de João do Prado de Brito e de Luísa Caetana de Castelo Branco. A minha dúvida é se no registo de batismo está escrito Pombeiro ou Ponceiro, mas julgo tratar-se da Quinta do Pombeiro.
ResponderEliminarSegundou um "tio" me contou, cujo nome é Mariz Sarmento, essa quinta pertenceu a uns primos, o que dá força a esta hipótese, pelo menos a avaliar pelo site geneall.net
EliminarObrigado pela partilha de informação...
Os Mariz Sarmento eram uma linha de ascendentes e descendentes de Miguel Vicente Manuel de Morais Sarmento, pela parte de sua mãe Angélica de Mariz Sarmento, provenientes dos Dourado de Mariz.
EliminarO registo de batismo de Mariana pode ser consultado em http://digitarq.adlsb.dgarq.gov.pt/viewer?id=3651379 , (ficheiro _m0543.tif, folha 53).
Essa quinta pertenceu à família da minha mulher, que lá viveu até 1976, quando tinha cinco anos. Joaquim Augusto Pombeiro era seu tio-avô que vivia nessa quinta com sua irmã, Júlia Augusta Pombeiro. Os irmãos são ambos filhos de Hermenegildo Pombeiro, casado com Júlia Gerard Pombeiro. Para mais informações poderá contactar-me para nelsonlourenco72@gmail.com.
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