Já tinha reparado numa pequena casa em ruínas junto à linha de Sintra, em Benfica, nas traseiras da R. da Venezuela, uma das artérias mais importantes deste bairro lisboeta.
Estas casas não são de grande valor patrimonial, antes pelo contrário... as suas traças não são representativas e não constituem propriamente um núcleo urbano que mereça ser defendido como causa cultural.
No entanto representam um desleixo urbano e social que qualquer população deveria ser poupada. Além de emanarem uma decadência que nos atinge a todos como cidadãos lusitanos e europeus, são também um atentado económico e um travão no desenvolvimento deste bairro já tanto castigado pelas sucessivas autarquias que o tutelaram.
Toda esta rua está em ruínas!!! É frequentada por indigentes e toxicodependentes que aqui encontraram refugio.
Interpelei um desses pobres coitados que saía de uma casa abandonada para tentar saber algo mais sobre este arruamento e convidei-me a entrar...
Chamou o "dono" da casa que foi de uma grande amabilidade, deixou-me à vontade para fotografar apenas com o cuidado de não retratar ninguém pelos motivos óbvios... fui também avisado que estavam a consumir e não deveria interromper... ao fim e ao cabo, a maior ruína desta rua são as pessoas que aqui vivem ... lá as casa que se lixem...
Outra vez um trabalho óptimo, mas com um tema assustador. Obrigado, por mais uma vez nos mostrar estas excelentes fotos. Cumps - M
ResponderEliminarO tema é assustador, é o termo correcto. Quem por lá vive não vive, sobrevive. Mas por escolha própria, na maioria dos casos. Posso afirmar que somos vizinhos. Penso até que o vi, a si, durante a feitura destas fotos... Reconheço estes desgraçados quando passam por mim na minha rua. As casas que se lixem... compreendo. Já foram morada de família. Os seus habitantes foram indo, levados pela idade. As casas foram sendo ocupadas, vandalizadas, incendiadas por fogueiras feitas para aquecerem os actuais moradores, no frio. Os bombeiros que confirmem. As criaturas que aqui vivem vieram «corridas» de outro local, numa encosta à esquerda, a caminho de ponte 25 de Abril - ainda se reconhecem cicatrizes. Sabe de que falo?
ResponderEliminarAqui não precisa de candeeiros que melhorem o conteúdo. As coisas são mesmo feias. E os restantes moradores, os vizinhos do Caminho da Feiteira, não apreciam lá muito e dispensavam este tipo de vizinhança.
Quando a Autarquia tiver vontade de limpar este Caminho, para onde irão eles emigrar?
Quanto às fotos do meu cantinho-da-engorda, são apenas ilustrações ao conteúdo escrito. Não precisam de ser obras-primas. Se quiser ver outras, bem mais cuidadas, visite-me nos outros blogs. Ou também em http://olhares.aeiou.pt/clicdagui
Não preciso de aulas para este blog, obrigada.
Obrigada também pela visita.
Fique bem.
Visito diariamente o Ruin'arte.
ResponderEliminarGeralmente faço-o de forma silenciosa. Talvez porque me faltem as palavras perante fotos que me deixam incrédula.
Porque não ama este País o seu património?????
Abraço
Excelente trabalho (mais uma vez), Gastão!
ResponderEliminarOs meus sinceros parabéns por teres aqui retratado um tema tantas vezes esquecido/ignorado!
A questão dos toxicodependentes que "sobrevivem" em casas devolutas (algumas delas património de Lisboa) é de uma grande importância porque constitui um problema social que a própria autarquia não quer resolver, empurrando-os de casa em casa devoluta, conforme vão emparedando as mesmas.
Aqui em Benfica vamos ter esse problema quando (e se) emparedarem a Vila Ana. Os toxicodependentes estavam no antigo Colégio Instituto Lusitano (junto à Mata), depois quando aí começaram as obras do novo condomínio passaram para o prédio embargado (junto ao Mercado) e, por fim, a Vila Ana. E, quando esta for emparedada, para onde irão?
Falei sobre este problema social na reportagem da RTP1, mas preferiram cortar (como era de esperar!)
Mais uma vez, parabéns pelo teu excelente e importante trabalho!
Abraço amigo
Gostei muito. Fica perto de onde mora a minha mãe e realmente são realidades muito tristes, principalmente porque quem poderia/deveria tentar pelo menos contribuir para as solucionar, não o faz muitas vezes por interesses ocultos.
ResponderEliminarParabéns pela excelência de mais um seu MasterPeace.
Isto é um pedaço que sobra do bucolismo de Benfica de há cem anos; o fim da estrada que trazia da quinta da Feiteira (que foi entre a mata e o a estrada militar) à estrada da Buraca. O retiro do Bom Pastor do outro lado ficou noutra dimensão.
ResponderEliminarAqui desaguava também a estrada das Garridas, de que sobra um troço entre a Estrada de Bendfica e a moderna rua do mesmo nome.
Estas casas são memórias do bucolismo daquelas bandas. O que lá achou é o destino que andamos cavando com a parca herança que nos calhou. Um primor!
Cumpts.
De louvar tudo o que tu fazes.
ResponderEliminarObrigado por nos mostrares aquilo que de outra forma nao veríamos.
Um abraço.
Olá Gastão, parabéns pelo blog! Conheci-o exactamente por este post que tem imagens das traseiras do meu prédio mas onde neste momento está tudo a ser demolido...
ResponderEliminarEspero que o update seja pertinente!
Obrigada pelas fotos!
Lara