quinta-feira, 15 de abril de 2010

A companhia do Cabo Submarino - Carcavelos

Já tinha visitado este local noutras duas ocasiões, passo por estas ruínas sempre que me desloco a Lisboa e ainda não me tinham inspirado o suficiente para as abordar com a paixão que este trabalho exige...finalmente a luz estava como eu queria e o meu sacanídeo deu uma grande ajuda na composição destas imagens, acabou por valer a pena esperar...obrigado Edgar...
Foi em 1862 que o telégrafo revolucionou as comunicações a nível global com a instalação do primeiro cabo transcontinental, aproximando distâncias e ligando todos os cantos do mundo de uma forma instantânea. Portugal por ser um País com colónias além mar teve a necessidade urgente de criar uma rede telegráfica eficiente, que pudesse além de cumprir com essa tarefa, aproximar-nos-ia em termos tecnológicos e sociais de outros países de vanguarda.

A localização geográfica de Portugal, quer no continente quer nos Açores, tornou-se bastante atractiva para para as empresas internacionais apostarem neste avultado investimento. Foi em  1870, que o governo de D. Luís assinou com a inglesa Falmouth Gibraltar and Malta Company a primeira concessão para a exploração de um cabo entre Londres e Malta, com amarração em Portugal continental. Carcavelos foi o ponto de partida e assim nasceu a Companhia do Cabo Submarino, de onde sairam ligações para todos os continentes conectando-nos aos mais distantes pontos do planeta.

Foi adquirida em 1872 a Quinta Nova, de Santo António ou da Lobita, conforme foi conhecida através dos tempos, uma extensa propriedade rural virada para a praia. O valor da venda cifrou-se na altura pela fantástica soma de 23 contos de reis!!! Além da sua localização, o solar da quinta tinha uma atraente e imponente traça , um luxurioso jardim e ainda uma vinha que produzia anualmente 500 barris de vinho . Todo este conjunto foi determinante para os “súbditos de sua majestade” se instalarem neste local.
 
 Esta grande empresa foi responsável por uma enorme transformação que teve Carcavelos e toda a zona do Estoril, no plano imobiliário, económico e social. Houve um êxodo massivo de uma comunidade britânica que  aqui se fixou, com ela vieram novos hábitos e valores sociais que rapidamente tiveram sucesso. Foi neste espaço que pela primeira vez em Portugal se jogou foot-ball, o tennis, o volley-ball, o golf, o  rugby, etc. Aqui também foi fundado em 1932 o “Saint Julian School”, que ainda hoje é uma referência no ensino.

Nos terrenos da propriedade foram construídos dois edifícios de grande volumetria e de traça simples para albergar alguns funcionários e instalações técnicas. São estes dois edifícios que este post retrata, são os sobreviventes deste epopeia que embora já tenha acabado, ainda não teve fim...


Pertencem hoje à CM de Cascais que os poderia reabilitar e criar além de postos de trabalho, alguma infra estrutura que nos pudesse trazer alegrias e dividendos. Ideias não faltam, desde um centro ambiental, desportivo, cultural, etc... em vez de promover droga, prostituição e decadência. Segundo relatos e testemunhos fidedignos estas casas têm servido para essa finalidade, o que está certamente bem longe das necessidades primárias desta histórica vila.

5 comentários:

  1. Obrigado pelas fotos excelentes e informações! Vale sempre a pena passar por aqui. Cumps e um bom Fim de semana - I

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  2. É. Mais uma. Mas faltam os euros ...
    Escusado escrever que as fotos estão muito boas.
    Bom fim de semana.

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  3. Droga, prostituição e decadência com patrocínio da C.M.C.. Quem diria?!...
    Cumpts.

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  4. Cada vez q vejo o seu blog dá-me vontade de chorar... Para além de conhecer algumas destas ruinas q por aí andam~, eu própria já sugeri a algumas câmaras, desde Lisboa, Oeiras, Cascais, Loures, etc... fazer uma parceria e criar uma instituição através de um desses edíficios devolutos... tenho pena, pois não se dignam sequer a responder. Não seria uma mais valia não só para as câmaras mas como para a comunidade criar mais serviços, reaproveitando áreas que na sua maioria são um atentado?

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  5. Como é possível deixarem o edifício ao abandono.

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