A influência a que todos os rapazes da minha geração estiveram sujeitos à aventura militar, deve-se não só por terem brincaram aos soldados, como também por terem ido à tropa...
Além do nosso passado de povo guerreiro que nos deixou marcas profundas no orgulho lusitano, muitos tiveram familiares ou ascendentes que se distinguiram nesta nobre instituição...de maneira que é fácil calcular o gozo profundo que me dão estas reportagens entre as brumas da memória de um glorioso passado.
As estruturas militares costumam ser de uma fotogenia sem par, pela sua arquitectura e pelo contraste dos vestígios bélicos abandonados...é com facilidade que imaginamos um cenário de guerra pejado de acção e actos de heroísmo quando nos deparamos com peças de artilharia moribundas...foi uma tarde bem passada...aqui fica a história desta unidade que foi extinta recentemente...
Dada a sua localização privilegiada, a bateria da Parede teve uma importância visceral no sistema de defesa marítimo da capital. É verdadeiramente única, a vista sobre a linha do horizonte que é possível ter junto às peças de artilharia situadas bem no alto do monte de Santa Luzia. Da missão táctica constava o suporte à Bateria de Alcabideche. Encontrava-se munida de três peças de médio calibre (15,2cm/47) para defesa próxima com cadência de 4 disparos por minuto e alcance de cerca de 20km cada. Cada peça com um peso aproximado de 7.600kg era manuseada por uma guarnição de 9 homens (Chefe de peça e serventes) que municiava o canhão com projécteis na ordem dos 45,3kg.
Na década de oitenta (pouco antes de ser desactivada) o fogo real fazia-se duas vezes por ano (geralmente em Maio e Novembro) sendo durante esse dia, suspenso o tráfego aéro e marítimo em toda zona de Cascais e Setúbal. Por questões de segurança todo o exercício de tiro era efectuado com espoleta inerte, ou seja, com o cone no topo da granada inerte (que é responsável pelo rebentamento). O alvo era composto por uma jangada com bandeira vermelha rebocada por uma fragata com cabo de 50 a 100m.
O tiro deveria ser circundante para que a jangada pudesse ser reutilizada em outros exercícios. No caso de um tiro "certeiro" era mandatório a severa reprimenda do Chefe de Peças.
O Comando do RAC distribuía com antecedência folhetos informativos nas áreas de influência das peças com algumas recomendações, tais como, abrir janelas, acautelar objectos frágeis, etc. Durante esses treinos, foram reportados alguns episódios caricatos, como o resgate de obuses em algumas hortas em Alcabideche.
Com a chegada da década de noventa a bateria e quartel sujeita-se ao fim esperado, a sua lógica desactivação. As portas do quartel são encerradas, as janelas e portas do edifício emparedadas. O paiol (armazém de munições e pólvora) é selado (portas soldadas), as culatras das peças são removidas e o acesso ao canhão fechado a arame farpado. E assim ficou até aos nossos dias, sujeita ao vandalismo e ao sabor do tempo.
A vivenda dos oficiais (logo à entrada) já pouco conserva do telhado, mas as casas do forte ainda permanecem sólidas e ainda por lá está o quadro da sala onde era dada a instrução teórica. O exército ainda patrulha o forte regularmente provavelmente para garantir que por ali não haja ocupação.
Entretanto é publicado no diário da república a 12 de Novembro de 2008 a lista <http://dre.pt/pdf1s/2008/11/22000/0790007903.pdf> de património militar a alienar ao abrigo da requalificação das infra-estruturas do Ministério da Defesa.
Nesta lista, entre outras surge a designação "Quartel da Bateria da Parede" o que poderá indicar que o complexo (ou pelo menos parte dele, não é claro) será vendido para o financiamento da instituição, ficando na dúvida se o projecto do museu histórico verá o dia naquele lugar. Um facto de nota é o considerável valor que aquelas terras detêm com a sua localização e vista impar sobre a boca do Tejo, uma realidade que poderá pesar a favor do caos urbanístico desenfreado que já vai rodeando os terrenos do que resta da 2ª Bateria da Parede.
Fonte :http://www.geocaching.com/seek/cache_details.aspx?wp=GC1KPZJ
D.Gaston,
ResponderEliminarUm Brilhante Ano Novo e obrigado pela partilha de tão excelentes fotografias.
AL
Um melhor ano de 2010!
ResponderEliminarluis t.
Vim aqui parar nos acasos das viagens nocturnas pela net... Informações bem detalhadas e as fotos, essas nem se falam. Brilhantes!
ResponderEliminarDeixo-lhe uma sugestão... Para a próxima entre para os túneis. Está lá a 'essência' da vida daqueles militares... Sensações que não consigo descrever. Pena sem dúvida do vandalismo. Mas é indescritível aquilo que se vê, ouve, cheira e sente.
Obrigado. Eevejo meses de convívio e muito boa camaradagem. Pedaço de vida partilhada ao serviço da Nação, RAC 2ª Turno Milicianos 84/85. A paisagem, os túneis e paióis da 2ª, o poder de fogo e a paisagem da 6ª, o pó de cimento no ar da 7ª, o cheiro a creolina da 8ª, o frio e nevoeiro da 1ª, e a boa vida do pessoal da 3ª , :-) são recordações inesquecíveis. 2º fur Martins
ResponderEliminare as melgas ... na 4ª ! Sempre a picar e zzzzzssss irra
ResponderEliminar.. se falam em Quartel ...pode ser qu eo Forte esacpe e o Forte é o que estas fotos mostram. Pode ser que o Musau de Artilharia de Costa possa ser realidade um dia. Excelentes fotos.
ResponderEliminarn... este teclado ... :-(
ResponderEliminarmais ou menenos melhores ou piores na verdade todos sentimos uma certa nostalgia e saudade dos velhos tempos de juventude e irreverencia
ResponderEliminarOlá boa tarde, o meu nome é Ana Paula Reis, sou funcionária da Junta de Freguesia de Parede e estou neste momento a fazer um resumo sobre o Regimento de Artilharia de Costa da Parede, é neste sentido que lhe solicito, além de um breve resumo da sua estadia neste quartel, algum apoio fotográfico da altura. Desde já o meu agradecimento, com os melhores cumprimentos,
ResponderEliminarciano Dias Camaradas estive em Alcabideche em 1978 jurei bandeira na Parede dei fogo na fonte da telha , conheci Oeiras , entre outras baterias tenho saudades ,hoje descobri este blogue , mais um outro , fiquei contente ,quero dar a conhecer que fazemos , todos os anos um encontro de camaraadas , que está aberto a todos os camaradas , que estiveram no rac e amigos , este ano o encontro com almoço vai ser feito em , pleno quartel da fonte da telha quem estiver interessado ainda está a tempo marcianodias@sapo.pt
ResponderEliminarHá 25 anos que vivo perto do Quartel da Parede. Sempre ouvi falar do referido edifício. Só recentemente visitei a estrutura de artilharia de Costa. Fique deslumbrado por aquela maravilhosa estrutura militar e bastante triste por se encontrar completamente abandonada e cheia de grafites. Não consigo compreender como é que o poder autárquico não se apoderou do espaço, preservando a sua arquitectura e aproveitando todo o complexo para espaço público e visitas de estudo.
ResponderEliminarPorque não aproveitam aquele espaço que está aoa abandono para outros fins..Até podiam explorar com bar e local de lazer, com circuito de manutenção e até aproveitando o local de treino fisico dos militares...Está abandonado, estrgado, vandalizado...Façam qualquer coisa.......
ResponderEliminarola sou o campos fis servico na parede em 89 1 turno e fico muinto triste depois de ver as images na net esta foi a segunda casa para min fis muintos amigos foi destacado como o melhor e o pior soldado do ano de 89 so tinha uma pedra na bota aspir canpinas mas queria mandar grande abraco de todo o coracao ao alfers mil homens foi como um pai para min deu=me grandes licoes de vida. campos 49 /09780889
ResponderEliminarTbm passei la bons tempos...fui cozinheiro em 94, gostaria de reencontrar camaradas dessa altura. Da-me uma certa nostalgia ao ver estas fotos! Quem se lembra do cao Tripé?! LoOl, so tnh 3 patas hehehehehe
ResponderEliminarParabens, as fotos estao brutais!
J. Cafum
Eu lembro! Ele uma vez bebeu o leite dos recos!!!!
EliminarOLA CAMARADAS SOU O CHAVES DO 1..TURNO DE 87 A ABRIL DE 88 ESTIVE SEMPRE EM ALCABIDECHE GOSTAVA DE TER CONTACTO COM ANTIGOS CAMARADAS ..APORVEITO PARA MANDAR ABRACOS PARA TODOS QUE POR O RAC..PASSARAM ESPECIALMENTE AO LOURENCO E ACOREANO ESPECIALIDADE MAP
ResponderEliminarOla!Eu andei a ver como seria ainda hoje o RAC nao ha nada, estive em 95 e lembro-me do tres patas porque ate ele podia andar no patio e nos nao tinhamos que dar a volta ele era de cor preta e muito simpatico o que andava com o cão era um soldado havia o cozinheiro que tinha uma moto e o sargento serodio que nunca esqueci grande homen saudades
ResponderEliminarExcelente, adorei saber mais sobre esta Bateria de Artilharia da Costa, já que, ainda criança, me lembro do meu avô me contar que faziam fogo real na década de 70 e 80 e tanto que eu gostaria de presenciar, nunca tive esse privilégio. Passeava com ele, tinha os meus 6, 7 anos, no alto do Murtal, muito próximo desta Bateria, local onde só existiam terrenos agrícolas devolutos; hoje, estão totalmente ocupados por moradias.
ResponderEliminarEstive na 2 bateria adorei os 7 meses a cumprir o serviço obrigatório militar. Penso que a minha companhia foi umas das últimas a fazer tiro real! 1°turno de 93.
ResponderEliminarLembro perfeitamente dos subterrâneos, tinha uma sala nobre espetacular, onde tinha como decoração bolas de canhão antiquíssimas. Enfim saudades de belos momentos.
Amigo também sou 1ª turno de 93 e fiz tiro real!
Eliminarboa noite fui melitar aí na parede entre 1972 e 1974 fiquei um triste ao ver o estado em que se encontram as instalações
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